Diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, mudou seu voto e formou maioria para aprovar a proposta de transferência elaborada pela área técnica.| Foto: Michel Jesus/ Aneel
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A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta terça-feira (1º) o plano alternativo da transferência da Amazonas Energia para a Âmbar, empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista. 

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Na última sexta (27), o colegiado da Aneel se reuniu para analisar a proposta de transferência após a Justiça dar 48 horas para que a operação fosse feita. No entanto, a votação terminou em empate, com 2 votos pela rejeição e 2 pela aprovação.

A análise estava suspensa até essa terça-feira. Dessa vez, o diretor-geral da agência, Sandoval Feitosa, mudou seu voto e formou maioria para aprovar a proposta de transferência elaborada pela área técnica, que tem regras mais duras que as apresentadas pela Âmbar

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Inicialmente, Feitosa havia votado pela aprovação da apresentada pela Âmbar, que prevê um custo de R$ 14,1 bilhões. Porém, o valor proposto é R$ 6 bilhões mais caro do que o orientado pela área técnica da Aneel.

Elaborada pela área técnica da agência, o impacto calculado sobre a conta de luz na proposta aprovada é de quase R$ 8 bilhões a menos em 15 anos.

A companhia dos irmãos Batista fez uma oferta pela Amazonas Energia após ser favorecida em uma medida provisória (MP) editada pelo governo Lula. A empresa amazonense tem enfrentado problemas regulatórios, perdas financeiras e dívidas que chegam a R$ 10 bilhões.

De acordo com o jornal Estadão, a saída apresentada pelos irmãos Batista geraria um custo de R$ 15,8 bilhões a serem repassados aos consumidores através da conta de luz. Porém, o ideal apontado pela agência é de R$ 8 bilhões, com menor repasse ao consumidor e mais exigências à empresa.

Nesta segunda (30), o impasse sobre a transferência da Amazonas Energias levou o Ministério de Minas e Energia publicar uma nota criticando a falta de definição da Aneel.

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O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defende a transferência da companhia para Âmbar Energia, dos irmãos Batista, e disse que essa seria a "melhor solução" para a distribuidora amazonense.

Em junho, o governo federal editou uma medida provisória que beneficia a Âmbar e prevê o socorro ao caixa da Amazonas Energia, transferindo os custos para os consumidores por até 15 anos. A MP perde a validade no próximo dia 10, sem previsão para ser aprovada pelo Congresso Nacional e com o risco de caducar, ou seja, perder a validade.

Transferência virou ação na Justiça federal

A Justiça Federal determinou que a compra seja efetivada com base no plano da Âmbar, embora o caso ainda esteja em aberto devido a um recurso apresentado. A empresa agora enfrenta duas opções: aceitar o plano alternativo, o que encerraria a disputa judicial, ou continuar com o processo na Justiça.

A Âmbar, em resposta, afirmou que está analisando a decisão judicial e "continuará negociando com a agência reguladora em busca de uma solução para os consumidores de energia no Amazonas".

O plano de compra foi apresentado logo após o Ministério de Minas e Energia flexibilizar o contrato da Amazonas Energia por meio de uma medida provisória, isentando a companhia de certos encargos e abrindo espaço para a transferência de controle societário.

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Com a nova decisão da diretoria da Aneel, a Âmbar terá 24 horas para dizer se concorda ou não em assumir a Amazonas Energia nas condições exigidas pela agência inicialmente, ou seja, pagando toda a dívida da companhia amazonense até o fim de 2024 e assumindo os custos da operação de modo que os consumidores brasileiros não arquem com um custo maior do que R$ 8 bilhões para subsidiar a operação. Até o momento, em manifestações na Aneel e em reuniões com autoridades, o Estadão aponta que a empresa deixou claro que não aceitaria os termos nessas condições por não ver lucratividade no negócio.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]