Setor automotivo quer que taxa máxima para importação de carros elétricos seja aplicada agora para conter, principalmente, a entrada de veículos chineses| Foto: Albari Rosa / Foto Digital/Gazeta do Povo
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Preocupada com o crescimento muito maior de importações do que da produção local, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) encaminhou uma carta ao governo federal pedindo controle da entrada de automóveis no país e aumento imediato do Imposto de Importação para 35% para todos os veículos. Uma das principais preocupações é com os carros elétricos.

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No ano passado, o governo acabou com a alíquota zero de importação de carros elétricos, que estava vigente desde 2015. Em janeiro, os totalmente elétricos passaram a ser taxados em 10% e os híbridos, em 15%. Neste mês, as taxas sobem para 25% e 18%, respectivamente. A previsão é para ambos incida 35% somente em julho de 2026.

Segundo a entidade, o “avanço costumaz” e sem controle da importação de veículos, principalmente os chineses, poderá afetar empregos e rendas dos trabalhadores, bem como o processo de neoindustrialização do governo.

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“Tivemos aumento dos emplacamentos no mercado interno de 15%, mas queda de 1,2% na produção de veículos no Brasil. Se agravar isso, algumas fábricas vão parar”, sublinha o presidente da Anfavea, Márcio Leite, segundo o Valor Econômico.

O emplacamento de veículos importados saltou 38% na comparação de janeiro a maio de 2023 para mesmo período deste ano, totalizando quase 160 mil unidades de janeiro a maio deste ano. A China representa 82% deste crescimento.

A preocupação com a produção asiática vai além e concerne às exportações, que de janeiro a maio deste ano caíram 29,7% sobre igual período de 2023. A Anfavea acredita que o desaquecimento, que ocorre em toda América Latina, é resultado da grande quantidade de veículos entrando nos outros países também.

Na avaliação de Ricardo Roa, sócio líder do segmento automotivo da KPMG Brasil, a importação de carros elétricos é positiva ao consumidor que fica com mais opções de compra. Por outro lado, pondera, traz insegurança à indústria nacional.

“A importação aumenta as vendas de veículos novos, ao passo que pode retrair a produção de veículos e da cadeia de suprimentos”, salienta Roa.

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Ele ressalta que o país precisa não só equilibrar as importações e produção nacional, como desenvolver estratégias para alavancar a exportação: “Até os antigos parceiros comerciais estão reduzindo as compras de veículos Brasil”.

Para a Anfavea, a atual política de aumento gradual do Imposto de Importação de veículos eletrificados não produziu equilíbrio entre a produção nacional e estrangeira. A entidade destaca, ainda, que Estados Unidos e União Europeia sobretaxam as importações asiáticas de veículos em 100% e 38% para frear a entrada deles no mercado interno.

“A não adoção de medidas protetivas, nesse exato momento, torna o Brasil ambiente propício para afluência descontrolada desses produtos, gerando concorrência desleal e ameaça aos empregos e produção locais”, diz a carta, a qual ressalta, ainda que o cenário pode trazer risco aos investimentos já anunciados de fabricantes nacionais, que somam R$ 130 bilhões.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) recebeu a carta, mas não respondeu à Gazeta do Povo se vai avaliar ou considerar o pedido de antecipar para agora a taxa de 35%. Também não se posicionou, quando questionada, sobre as declarações da Anfavea referente ao “avanço costumaz” e sem controle da importação de veículos elétricos.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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