Complexo nuclear no litoral do Rio de Janeiro, com as usinas de Angra 1 e 2: governo adiou decisão sobre a terceira unidade.| Foto: Saulo Cruz/MME
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O futuro da usina nuclear Angra 3 ficou para o ano que vem. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) adiou para janeiro a decisão sobre a continuidade das obras da usina. O projeto foi iniciado na década de 1980 e até hoje só tem 65% das obras concluídas.

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O veredicto sobre o empreendimento estava marcado para a terça-feira (dia 10). Na reunião, foi apresentado um estudo sobre a modelagem técnica, financeira e jurídica do projeto, realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A análise foi feita a pedido da Eletronuclear - estatal responsável pela usina - para decidir sobre a continuidade das obras na usina.

Presente na reunião, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse ser a favor da conclusão das obras de Angra 3. Mas, segundo fontes, ele pediu mais dois estudos complementares, sendo um para averiguar uma nova proposta de governança da Eletronuclear e outro sobre possíveis fontes de financiamento.

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Com isso, houve um pedido de vistas coletivo, postergando a decisão, que deve ficar para final de janeiro. O estudo sobre financiamento deve ser realizado pelos ministérios da Fazenda, Planejamento e BNDES e sobre governança, pela Casa Civil. Em seu site, a Eletronuclear diz que a previsão é de que a usina entre em operação no fim de 2028.

A Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan) considerou o adiamento “um retrocesso significativo” por não cumprir as metas de transição energética, afetar a cadeia de suprimentos do setor nuclear brasileiro e afeta a diversificação e segurança da matriz energética nacional.

“Angra 3 é um projeto essencial para garantir a oferta de energia limpa e segura no Brasil, e também para fortalecer a soberania tecnológica do país e contribuir com o aumento da economia local. Cada novo adiamento aumenta os custos do projeto, reduz a competitividade do setor, compromete metas de sustentabilidade e deixa de gerar quase 10 mil empregos”, argumentou o presidente da Abdan, Celso Cunha.

Até agora, foram investido cerca de R$ 7,8 bilhões em Angra 3, segundo a Eletronuclear. Para concluir a obra, serão necessários cerca de R$ 20 bilhões. O valor é próximo aos R$ 23 bilhões caso o projeto seja abandonado, segundo cálculos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Paralisada em 2015 devido à revisão do financiamento, a obra foi retomada em 2022. Ao longo das décadas também parou por problemas de orçamento, licitações e as investigações na Operação Lava Jato.

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Angra 3 é a terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), em Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro. No mesmo complexo estão as usinas Angra 1 e a, as únicas nucleares no país.

A estimativa é que Angra 3 terá capacidade de 1.405 MW, o suficiente para atender 4,5 milhões de pessoas, que é o equivalente a 60% do consumo do estado do Rio e 3% do consumo do Brasil.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]