O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidirá nesta terça (15) se retoma o horário de verão neste ano, que vem sendo cogitado como uma forma de diminuir pelo menos um pouco a pressão da estiagem nas contas de luz dos brasileiros, que já estão sob a bandeira vermelha de patamar 2.
A volta do horário de verão vem sendo estudada há mais de um mês por conta do aumento dos custos de geração de energia provocado pela estiagem que atingiu boa parte do país no começo deste segundo semestre. A medida, no entanto, divide opiniões dos brasileiros de forma praticamente igual.
“O horário de verão é extremamente transversal. Se for imprescindível, ele será [adotado neste ano], mesmo sabendo que divide opiniões em todo o Brasil”, disse o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, no mês passado.
Esta terça (15) é, ainda, o prazo limite para o governo decidir e anunciar a implementação neste ano -- normalmente, entra em vigor no primeiro domingo de novembro. No entanto, o mexer dos ponteiros do relógio divide a opinião da população praticamente por igual, de acordo com uma pesquisa do Datafolha divulgada mais cedo.
Segundo a apuração, 47% são favoráveis à volta do horário de verão, 47% são contrários e 6% se dizem indiferentes. O Datafolha apontou que a rejeição ao adiantar os relógios em uma hora vem crescendo desde que a pesquisa começou a ser feita, em 2017.
Nesta pesquisa, o instituto ouviu 2.029 pessoas em 113 municípios do país nos dias 7 e 8 de setembro. O nível de confiança é de 95% e a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
De acordo com especialistas, a mudança no horário poderia ajudar a economizar energia em momentos críticos, mas a real efetividade tem sido questionada nos últimos anos.
No setor aéreo, por exemplo, a adaptação ao horário de verão exige um prazo mínimo de 20 dias, o que pode limitar a implementação da medida em curto prazo.
Quando a pesquisa começou a ser realizada, em 2017, 58% dos brasileiros eram a favor da mudança no relógio, enquanto 35% eram contrários. Em 2021, o percentual de apoio já havia caído para 55%, com 38% de rejeição. Agora, a divisão é praticamente igual.
O apoio à mudança no relógio varia de acordo com o perfil dos entrevistados. Entre os homens, 50% se disseram favoráveis, enquanto 45% são contrários.
Já entre as mulheres, o apoio é menor, com 44% a favor e 49% contra. A faixa etária também influencia as opiniões: jovens entre 16 e 24 anos são os mais favoráveis, com 62% apoiando o horário de verão, enquanto entre os que têm 60 anos ou mais, apenas 38% são a favor e 55% são contrários.
Geograficamente, as opiniões também variam. No Nordeste, 51% dos moradores se mostraram favoráveis à medida, enquanto 43% são contrários. No Sul, o apoio é ligeiramente maior, com 52% favoráveis e 43% contrários.
Já no Sudeste, a tendência se inverte, com 51% dos entrevistados se posicionando contra e 44% a favor. Essas diferenças regionais são consideradas dentro das margens de erro específicas de cada área, que variam entre três e seis pontos percentuais.