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As contas de luz dos brasileiros podem ser menos pressionadas neste ano por cobranças extras graças ao nível dos reservatórios das principais usinas hidrelétricas nestas primeiras semanas do ano, de acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e o Ministério de Minas e Energia (MME). Segundo os órgãos, as reservas estão, em média, acima de 55% da capacidade.
Com isso, há a possibilidade de que o país atravesse o período seco, entre maio e novembro, sem necessidade de acionamento das usinas térmicas mais caras e poluentes. Isso impacta diretamente nas contas com a incidências das bandeiras tarifárias necessárias para bancar a geração extra de energia.
“Seguimos trabalhando para que, neste ano, não precisemos ligar as usinas mais caras. A matriz está mais complexa e precisamos compreender que se torna necessário combater a instabilidade, mas o cenário é positivo para 2025”, disse o ministro Alexandre Silveira em entrevista à Folha de S. Paulo publicada nesta terça (14).
A previsão é compartilhada pelo diretor de operação do ONS, Christiano Vieira, que vê um cenário mais positivo para o ano. De acordo com ele, embora ainda seja cedo para “cravar um cenário mais preciso”, as chuvas vistas até este momento dão uma segurança a mais para o nível dos reservatórios.
“Começamos o ano com o pé direito. Está chovendo nas cabeceiras dos rios dos principais reservatórios. A se manter esse período chuvoso até meados de abril, o quadro geral é positivo”, afirmou.
As bandeiras tarifárias, que sinalizam o custo da energia com as cores verde, amarela ou vermelha, estão sem cobranças extras desde novembro de 2024. Esse panorama reflete a menor dependência das térmicas, que representaram 10,7% da geração nacional em 2024, contra 9,3% em 2023.
Marcio Rea, diretor-geral do ONS, destacou a importância da diversificação da matriz elétrica, com a entrada de fontes como solar e eólica, mas alertou para a necessidade de gestão cuidadosa devido à variabilidade dessas fontes.
“Estamos confiantes de que seja um ano bom, sem forte pressão sobre as hidrelétricas, embora a geração térmica tenha cada vez mais o papel de garantir o abastecimento, devido à crescente mudança do perfil da matriz elétrica, com entrada da solar e a eólica, que trazem um componente de variabilidade grande na operação, uma dinâmica nova”, pontuou,
O setor monitora o abastecimento mensalmente para ajustar o planejamento, mas o cenário inicial de 2025 é de otimismo, com previsão de capacidade térmica disponível de 8.274 megawatts médios dentro do patamar da bandeira verde. Ao longo de 2024, a bandeira verde sem cobrança extra vigorou até o mês de março e só foi retomada em novembro. No restante do ano, variou entre as três cores.
A conta de luz é um tema sensível ao governo e já foi alvo de reclamações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo valor cobrado das famílias. Isso porque a tarifa tem um peso significativo na inflação, que acaba influenciando – entre outros – nos demais custos do dia a dia e na taxa básica de juros.