O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que, "sob o falso argumento de combater a corrupção, a Operação Lava-Jato mirava, na verdade, o desmonte, a privatização da Petrobras". O discurso foi realizado durante a posse da nova presidente da estatal, indicada por ele, Magda Chambriard, nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro com a presença de vários ministros.
Segundo Lula, se a intenção fosse punir os corruptos, o patrimônio da empresa permaneceria intacto: "Mas isso não ocorreu. O que foi feito foi uma tentativa de destruir a imagem da empresa, porque uma imagem vale tanto quanto o produto que a empresa produz", disse o petista.
Lula criticou ainda a elite, como apoiadora da operação, e salientou que o objetivo era, em suas palavras, entregar o patrimônio da Petrobras, que é do povo brasileiro, nas mãos de petrolíferas estrangeiras. Ele disse, em referência ao governo Bolsonaro, que ao não conseguirem a privatização, foi feito um desmonte com a venda de algumas partes da empresa, como as refinarias.
O governo já disse que quer retomar as refinarias privatizadas no governo anterior. No início do ano, o presidente Lula participou de uma cerimônia na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, marcando a volta dos investimentos bilionários no setor de refino. A Abreu e Lima marcou as gestões do PT, chegando a ser apelidada de "refinaria mais cara do mundo" devido a sucessivos estouros no orçamento.
"E eu quero dizer para vocês, companheiros, que embora eu nunca fui petroleiro, eu muitas vezes chorei de ver pela empresa, vocês, camisas amarelas da empresa, sendo chamado de corrupto aqui no Rio de Janeiro porque aqueles que achavam que a Petrobras tinha sido um antro de corrupção", falou Lula em seu discurso.
A maior parte da sua fala foi direcionada para as críticas do antigo governo e à Lava Jato, que começou a desvendar uma série de irregularidades em contratos da Petrobras a partir de 2014.
Sobre os novos projetos, alinhado ao que Magda Chambriard anunciou antes, Lula reforçou os investimentos na área de refino e de gás natural, em especial para os fertilizantes.
"A farsa que sustentava a Lava Jato foi desmontada e estamos aqui de volta. Estou de volta, como está de volta a Petrobras para o povo brasileiro", finalizou Lula.
Nova presidente da Petrobras está alinhada com Lula e com o governo
Magda Chambriard foi escolhida para substituir Jean Paul Prates, demitido por Lula por não cumprir totalmente as vontades do presidente da República, após uma disputa interna com os ministros das Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa. Prates inclusive foi demitido na presença deles.
Ciente das expectativas, no discurso de posse, a nova presidente afirmou que está "totalmente alinhada com a visão de país do governo federal e do nosso presidente Lula".
Chambariard agradeceu a presença dos vários ministros, em especial à Silveira, a quem chamou de "seu contato". Ambos defenderam a exploração da Margem Equatorial.
Os blocos da área costeira que vai do Rio Grande do Norte ao Amapá foram leiloados em 2013, mas até agora o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) negou as licenças ambientais. Estima-se uma quantidade tão grande – em torno de 10 bilhões de barris de petróleo – que a região é chamada de “novo pré-sal”.
Entre os planos da empresa na sua gestão, está avançar na energias eólica, solar e de hidrogênio, além de ampliar a disponibilidade do gás natural, programa de construção para navios e investimentos nas refinarias.
Um deles é a implementação do Trem 2 da refinaria Abreu e Lima. Segundo ela, junto com a refinaria GasLub (antigo Comperj), no Rio de Janeiro, vai gerar valor econômico e reduzir significamente nossa importação de diesel.
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