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O estado de Roraima ainda não começou a receber a energia elétrica importada da Venezuela após a retomada do acordo com o Brasil no final do ano passado pelo governo federal, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
O motivo, segundo apuração da Reuters e Folha de São Paulo com o órgão, é de que os empreendedores autorizados para a operação ainda não realizaram um teste fundamental de 96 horas ininterruptas na linha de transmissão entre Brasil e Venezuela.
“Eles têm que fazer um teste de 96 horas contínuas e não conseguiram ainda fazer esse teste. Já passamos essa condição ao empreendedor. As datas para esses testes já venceram algumas vezes”, afirmou Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS.
A operação seria conduzida pela comercializadora de energia Âmbar, pertencente ao grupo J&F, que negociou diretamente com a Venezuela a compra da energia da hidrelétrica de Guri. O contrato será fiscalizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por causa dos valores aprovados para a transmissão – R$ 2 bilhões por dois anos.
Embora o Ministério de Minas e Energia (MME) tenha anunciado em dezembro do ano passado a retomada da compra de energia da Venezuela, a falta de realização do teste essencial tem atrasado o processo.
O objetivo da retomada era reduzir os custos com o atendimento do Estado de Roraima, que não está integrado ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e depende principalmente da geração termelétrica local, subsidiada pela Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) em torno de R$ 1,3 bilhão.
O Brasil esperava reduzir os custos totais para atender Roraima, uma vez que os valores praticados no contrato de comercialização entre Âmbar e Venezuela eram inferiores aos das termelétricas que atualmente fornecem energia para o estado.
Apesar da aprovação da proposta pela Âmbar no ano passado pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), a validade do acordo expirou em janeiro deste ano, sem que os testes necessários fossem concluídos.
A Gazeta do Povo procurou a Âmbar Energia para comentar o atraso no início da transmissão e aguarda retorno. O MME afirmou que “se mantém mobilizado para receber energia limpa e renovável da Venezuela”.
“A pasta entende que é essencial que se tenha custo mais baixo do que o praticado no sistema isolado de Roraima, que ainda conta com geração a partir de combustíveis fósseis”, pontuou a pasta.