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Desde que foi aventada a possibilidade de uma nova fronteira de petróleo nas águas da Bacia de Pelotas, no Sul do país, petroleiras voltaram seus olhos e investimentos para a região. O interesse foi comprovado no leilão de concessões realizado nesta quarta-feira (13) pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Foram arrematados 44 blocos em seis setores dessa bacia para exploração de óleo e gás. As empresas vencedoras vão pagar bônus de assinatura total de R$ 289 milhões, com programa de investimento mínimo de R$ 1,556 bilhão.
A disputa do 4.º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão (OPC) ficou principalmente entre a americana Chevron, que apresentou proposta para 26 blocos em três setores, e a Petrobras, que, com suas parceiras, conseguiu 29 blocos.
Do total de 12 setores, seis não tiveram ofertas. A Chevron levou 15 blocos no total em três setores. Mas quem levou a melhor ainda foi a Petrobras, que conseguiu concessão em todos os 29 blocos para os quais fez oferta. Destes, 26 foram em consórcio com a Shell e outros três com a Shell e a chinesa CNOOC.
A Petrobras será operadora dos blocos e, com a aquisição de hoje, passará a somar 47 blocos e a ampliar sua área de atuação exploratória em mais de 20 km², chegando a 50 km².
O valor do bônus de assinatura a ser pago em abril de 2024 pela companhia é de cerca de R$ 116 milhões. Este valor representa menos de 1% dos investimentos aprovados no Plano Estratégico 2024-2028 e já estavam previstos.
O leilão começou com a área marginal, ou seja, inativa, de Japiim, na Bacia do Amazonas. Foi arrematada pela única ofertante, o consórcio formado pela Eneva (80%) e Atem (20%). O investimento previsto é de R$ 1,2 milhão.
O leilão do 4.º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão oferece 33 setores exploratórios localizados em nove bacias sedimentares: Amazonas, Espírito Santo, Paraná, Potiguar, Pelotas, Recôncavo, Santos, Sergipe-Alagoas e Tucano. Ao todo, 21 empresas apresentaram declarações de interesse e garantias de oferta.
Leilão de partilha com a União só teve uma oferta nos cinco blocos
Nesta quarta também ocorreu o 2.º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha (OPP) com os seguintes blocos localizados no Polígono do Pré-Sal: Cruzeiro do Sul, Esmeralda, Jade, Tupinambá (Bacia de Santos) e Turmalina (Bacia de Campos).
Neste modelo de partilha, entram áreas do pré-sal e vence quem oferecer proposta mais vantajosa à União do excedente de óleo.
Seis empresas estavam qualificadas para apresentar proposta mas apenas a BP Energy fez oferta para Tupinambá. Conseguiu a partilha no bloco com 6,5% de excedente em óleo para a União e bônus acumulado de R$ 7 milhões (valor pago em dinheiro pelas empresas que arrematam áreas na licitação).
A BP Energy também se comprometeu a investir R$ 360 milhões na primeira fase do contrato (de exploração).
Descoberta na África reacendeu interesse na Bacia de Pelotas
A bacia gaúcha não era incluída em um leilão de concessão desde 2004. Hoje não há nenhum bloco sob contrato na Bacia de Pelotas e nenhuma atividade exploratória na região.
O interesse foi reavivado por uma descoberta significativa de petróleo e gás na Namíbia, na costa ocidental da África. Isso porque, embora estejam a mais de 6 mil quilômetros uma da outra, as duas áreas têm características geológicas semelhantes, o que alimenta a expectativa de que o litoral do Rio Grande do Sul também tenha um grande potencial a ser explorado.
A estratégia da Petrobras foi ser seletiva nos blocos e apostar em parcerias com empresas já experientes na exploração offsore (alto-mar) de águas profundas, um reflexo do seu interesse em novas fronteiras com potencial geológico.
“Novas fronteiras, a exemplo dos blocos adquiridos hoje, são essenciais para que a demanda de energia seja atendida. Por isso, buscamos a reposição de reservas e o desenvolvimento de novas fronteiras exploratórias que assegurem o atendimento à demanda de energia durante a transição energética com a menor pegada de carbono possível”, afirma o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
A Bacia de Pelotas é considerada uma nova fronteira para exploração de petróleo e importante em especial para Petrobras enquanto a empresa não consegue licença ambiental do Ibama para explorar na Bacia da Foz do Amazonas, na chamada Margem Equatorial, na costa norte do país.
Estimativas sugerem reservas de pelo menos 10 bilhões de barris na Margem Equatorial, pouco menos que as atuais reservas provadas do pré-sal, de 11,5 bilhões de barris, segundo a ANP.