Considerada uma das principais alavancas para impulsionar a economia brasileira, a infraestrutura de transportes é apontada por especialistas como essencial para contornar a crise a partir a produção agrícola. De acordo com dados da Secretaria do Tesouro Nacional compilados pelo Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), o investimento público em transporte rodoviário chegou a R$ 1,01 bilhão em 2016 no Paraná, o segundo maior do país, atrás apenas de São Paulo (R$ 3,85 bilhões). O aumento, na comparação com o ano anterior (2015), foi de 55,6%.
Já a iniciativa privada, através dos programas de concessão de rodovias, fez investimentos da ordem de R$ 1,05 bilhão ao longo do ano passado, segundo informações da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR). São obras em trechos urbanos e intervenções em rodovias relevantes para o transporte de cargas, especialmente a safra agrícola do estado.
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Uma das mais importantes obras em andamento é a duplicação da Rodovia do Café (BR-376), entre Ponta Grossa e Apucarana. A rodovia está sob a concessão da CCR Rodonorte. A construção deve beneficiar cerca de 600 mil moradores das cidades de Ponta Grossa, Tibagi, Imbaú, Telêmaco Borba, Ortigueira, Mauá da Serra, Marilândia do Sul, Califórnia e Apucarana. Até o final de 2016 serão 12 frentes de obras em andamento. Considerando as duplicações da Rodovia do Café, da PR-151 (entre Piraí do Sul e Jaguariaíva) e as recuperações de pavimento, os investimentos da CCR Rodonorte chegam a quase R$ 500 milhões somente em 2017.
De acordo com a Secretaria da Infraestrutura e Logística do Paraná, 45% dos investimentos feitos em 2016 são parte do Programa Estadual de Recuperação e Conservação de Estradas. O governo do estado destaca a duplicação de 22 quilômetros da PR-445, entre Londrina e Cambé, além da construção de 11 viadutos e trincheiras, totalizando R$ 137 milhões no trecho. Outra construção que recebeu recursos no ano passado é a Rodovia do Cerne (PR-090), que foi duplicada e modernizada.
Segundo do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), outra intervenção importante do programa – com um investimento de R$ 6 milhões – são as obras em rodovias da região de Ponta Grossa. A primeira frente de trabalho está na PR-438, que passa por uma revitalização, o que inclui serviços de microrrevestimento (asfalto), pintura de faixas e nova sinalização.
Mas, apesar do aumento de recursos aplicados em rodovias do estado no ano passado, especialistas apontam que, com a produção crescente da indústria agropecuária paranaense e o peso que as exportações de commodities (produtos/mercadoria em estado bruto) como os grãos e as carnes têm na balança comercial do Paraná, o estado precisa melhorar ainda mais as condições das estradas para agilizar e reduzir custos do transporte de cargas.
Para o economista José Pio Martins, o Paraná pode ser considerado um estado com boa infraestrutura rodoviária na comparação com as demais unidades da federação, mas essa comparação não é a mais correta. “A malha rodoviária do Paraná precisa ser modernizada e ampliada. Países como Alemanha e EUA, com padrão de produção semelhante ao paranaense no setor primário, são os comparativos certos a se fazer”, explica.
O consultor em infraestrutura e logística da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), Luiz Antonio Fayet, concorda que há um atraso no desenvolvimento e ampliação da malha rodoviária nacional se considerados os avanços da agroindústria nacional.
“Há 50 anos o Brasil era importador de alimentos e hoje é o segundo maior exportador mundial. A maior parte do consumo dos alimentos está no hemisfério Norte, mas esses países têm uma restrição fortíssima, porque não há terra para plantar. Por isso, a produção do Brasil cresce violentamente. E até 2020 nosso país vai ser o grande supridor mundial de alimentos
Fayet lembra que Paraná e Santa Catarina são potências na exportação de commodity, como a carne de frango, somando mais de 50% de toda a produção nacional. “O transporte rodoviário, para o Paraná, é mais significativo e competitivo, porque temos uma grande produção espalhada por todo o estado. No caso das carnes, o transporte necessariamente se concentra nas rotas rodoviárias, para que a produção saia de qualquer fazenda ou abatedouro direto para o porto. O transporte rodoviário eficiente é vital”, afirma.