Oportunidades para diversas áreas de negócios, segurança, fácil acesso e a tranquilidade do interior em uma cidade de médio porte: essas são algumas das principais características citadas por pessoas que escolheram Guarapuava, no centro-sul do estado, para viver. O polo regional de 180 mil habitantes (número estimado da população pelo IBGE este ano), reconhecido economicamente pelo agronegócio, setor madeireiro e, mais recentemente, de serviços, é apontado como uma cidade paranaense promissora, porque vem desenvolvendo não só o seu lado econômico, mas também o social. Foi o que a deixou com fama de ser um lugar para quem busca qualidade de vida.
Região de vales com extensa área verde e parques, como o Parque das Araucárias, Lagoa das Lágrimas e Parque do Lago, a cidade tem Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) considerado alto (0,731, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea), índice puxado sobretudo pela longevidade (a esperança de vida ao nascer é de 76 anos), seguido pela renda média (R$ 750 em 2010). “Entre todas as cidades do estado, Guarapuava ficou no 11º lugar entre as cidades que mais geraram riqueza nos primeiros meses de 2017. Em geração de renda, entre 2010 e 2014, a cidade é a 9ª colocada no estado” frisa Simão Ternoski, professor de Ciências Econômicas de Universidade do Centro-Oeste (Unicentro).
Ternoski salienta que empreendimentos em construção em Guarapuava devem beneficiar socialmente a cidade e a região: ele destaca o Hospital Regional do Centro Oeste, uma das maiores obras públicas em andamento no estado, com investimento de mais de R$ 50 milhões. A estimativa é que a capacidade de atendimento chegue a 500 mil pessoas. “Cidades vizinhas como Turvo, Candói e Pitanga são muito carentes de atendimento de saúde, e vão se beneficiar. Guarapuava também contará com um atendimento médico mais especializado. Isso, somado aos cursos de medicina que estão sendo pleiteados, trazem muitos ganhos e vão contribuir ainda mais para a qualidade de vida”.
Tranquilidade
Os parques e extensas áreas verdes, qualidade do ar e um verão bem mais ameno do que o de Santa Maria (RS) foram fatores decisivos para a empresária Lara Cerize Menes Sganzerla escolher Guarapuava para viver e fazer negócios. E a decisão foi rápida: com dinheiro para pagar a franquia de roupas masculinas onde era gerente em Santa Maria, ela soube mais sobre o município por um tio, no final de 2009. Empolgada, ela e o marido visitaram a cidade e se mudaram de vez em janeiro de 2010. “É uma cidade de médio porte com um ar de interior, onde todo mundo se conhece. Não tem tantos prédios, o trânsito é um paraíso em relação às grandes cidades, você pode viver em uma casa tranquilamente e tem um custo de vida acessível. Fui muito bem recebida”, diz.
O fato de Guarapuava ser uma cidade polo também foi decisiva para Lara apostar nela para começar a franquia – em breve, ela abrirá sua segunda loja, no Shopping Cidade dos Lagos, um dos empreendimentos em construção no município. “Cerca de 30% dos meus clientes são das cidades do entorno. É uma região com muito potencial. Estou aqui há oito anos e vejo as mudanças, estamos na contramão da crise”, acredita a empresária.
Também empresário, Edson Ono mudou-se para Guarapuava igualmente movido pelas oportunidades de negócios, e resolveu ficar tanto pela prosperidade da empresa quanto pela qualidade de vida. De origem japonesa, Ono morou de 1995 até 1998 no Japão, com o objetivo de juntar dinheiro e montar uma empresa no Brasil. Sua ideia inicial era investir em Palmas, no Tocantins. Mas ficou com receio pela capital ser ainda muito nova — conheceu Guarapuava por meio do sócio e viu. “Como as fábricas de compensado de madeira não tinham a tecnologia para secagem do material, montamos uma empresa para prestação desse serviço. Como forasteiros, fomos bem acolhidos em Guarapuava, e essa amizade que se criou com a cidade é o que mais pesa para eu continuar aqui”, fala.
Avanços
Apesar do crescimento de renda média per capita em Guarapuava de 90% nas últimas décadas (de R$ 394,52 em 1991 para R$ 750,09 em 2010, de acordo com o Ipea), a desigualdade de renda, de acordo com o professor Simão Ternoski, é algo que precisa avançar. O Índice de Gini (que mede o grau de concentração de renda em uma escala de 0 a 1) é de 0,55 (dados de 2010), em 2000, era de 0,63, o que aponta uma discrepância maior. “Isso é uma fragilidade e aponta que a cidade gera riqueza, mas ainda precisa distribuir ela melhor. Mas isso é um ponto que pode ser superado. A cidade está localizada estrategicamente no estado, tem uma estrutura produtiva interessante e áreas econômicas fortes. O que falta é investir na agregação de valor dos produtos in natura para gerar mais emprego e renda, o que se reflete nos outros índices”, esclarece.