Na última semana, o Banco Central baixou a taxa básica de juros para 9,25% ao ano - o menor índice desde 2013. A redução reforça a expectativa da indústria da Construção Civil, que acredita que a queda progressiva da Selic vai impulsionar os investimentos em reformas e novos empreendimentos, incentivando a retomada do crescimento do país.
Caso o cenário positivo se concretize, especialistas garantem que a recuperação dos postos de trabalho será imediata, fazendo com o que o setor volte a ser um dos maiores geradores de emprego e renda.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa geral de desemprego apresentou pequena queda de acordo com último balanço apresentado. O índice chegou a 13,3% em maio, enquanto em abril era de 13,6%.
Já no setor da Construção Civil nunca se contratou tão pouco no país desde 2012, conforme dados do IBGE disponibilizados pela Câmara Brasileira da Construção Civil (CBIC). Em média, entre janeiro e março dos últimos cinco anos, 7,5 milhões empregos formais e informais eram gerados pelo setor. Este ano, foram 6,8 milhões segundo a pesquisa – queda de 9,8% nas contratações.
“Se uma obra termina e outra não é iniciada, é um engenheiro a menos no mercado de trabalho. E toda a equipe que está envolvida naquele projeto acaba sofrendo com o desemprego. Apesar do país como um todo, mesmo que de maneira tímida, ter recuperado alguns postos de trabalho, a engenharia continua reduzindo. Precisamos voltar a crescer ou todo mundo perde. Acredito que a redução da Selic é uma notícia boa, precisamos alavancar o setor como um todo”, defendeu o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), Joel Krüger, durante o terceiro capítulo da websérie “Uma NOVA Engenharia, para um NOVO Brasil”.
O programa foi transmitido dia 24 de julho, pelo Facebook da Gazeta do Povo, e contou com a participação do presidente da CBIC, José Carlos Martins. Segundo ele, a queda da Selic vai impulsionar a transferência dos recursos de ativos financeiros para ativos reais, como imóveis novos, reformas, ampliações e obras de infraestrutura.
A mudança do mercado deve influenciar rapidamente a criação de postos de trabalho, porque a cadeia produtiva é horizontalizada e reage rapidamente às movimentações econômicas. “Desde o momento que tiramos a areia da natureza até entregarmos a chave para o comprador, são poucos passos. Então damos uma resposta rápida em termos de emprego”, completou Martins.
Na análise de Krüger, o mercado da construção civil aquecido vai refletir de forma positiva em outros setores, como na indústria de bens de consumo duráveis. “Isso porque é preciso mobiliar essas novas unidades, e em consequência disso vem a compra da geladeira, do fogão e de todos os outros móveis”, destacou o presidente do Crea-PR.
“Quando analiso um imóvel ao longo de sua vida útil, de 50 anos, 14% é o custo dele. Outros 36% são os custos de água, luz, de cortina, de estofado, de geladeira, de sofá. Ao longo do tempo se incorpora tanta coisa ao imóvel que gera um resultado na economia enorme”, emendou Martins.
Mercado Imobiliário
Segundo o presidente da CBIC, estamos vivendo o momento ideal para compra da casa própria, porque, segundo ele, para recuperar os investimentos feitos nos empreendimentos, as incorporadoras reduziram os valores dos imóveis.
“Mas os estoques estão diminuindo. Os lançamentos hoje, correspondem a metade do número de venda. Então não acredito que o valor real caia mais do que já caiu. Agora o mercado vai começar a recuperar a inflação, mas também não acredito em uma explosão de preços”, garantiu Martins.
Assista novamente
O debate completo sobre a indústria da construção civil está disponível aqui mesmo na página do Crea-PR na Gazeta do Povo. Além do mercado imobiliário, da geração de empregos e da retomada dos investimentos, outros assuntos estiveram em pauta, como o impacto da Reforma Trabalhista no setor.
Todo o conteúdo do projeto “Uma NOVA Engenharia, para um NOVO Brasil” também pode ser acompanhado pelas mídias sociais da entidade (Facebook, Twitter e Instagram). O próximo programa da websérie será transmitido pelo Facebook da Gazeta do Povo dia 16 de agosto e terá como tema “StartUps: os novos motores da engenharia”.