O sonho de ter uma carreira profissional está diretamente ligado à qualificação profissional e às oportunidades que surgem nesse trajeto. Segundo dados do Censo da Educação Superior de 2016, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação (MEC), o Brasil possui mais de seis milhões de alunos matriculados em instituições de ensino superior.
Como a concorrência nas universidades públicas é grande e atende apenas uma pequena parcela dos estudantes, as instituições privadas são a alternativa de graduação para muitas pessoas. O valor das mensalidades, porém, é um empecilho para aqueles que possuem renda limitada e a opção pode ser um financiamento estudantil.
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O crédito universitário funciona como um empréstimo bancário e o acadêmico pagará o valor, com juros, no prazo estipulado em contrato — uma das alternativas mais procuradas pelos universitários brasileiros é o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) — esse ano, a projeção de recursos é R$ 30,2 bilhões. Com novas regras vigentes desde o ano passado, o programa federal ( oferecido para cursos presenciais em instituições de ensino superior particulares que possuam avaliação positiva nos processos conduzidos pelo MEC) possui uma taxa de juros de 6,5% ao ano. Os juros são quitados trimestralmente durante o curso — que pode ter o valor máximo de R$ 150,00 para o período.
Já o valor final pode ser parcelado em até 12 anos, com carência de até 18 meses após a conclusão do curso. Os recursos são provenientes de bancos estatais e o valor semestral do período em que o aluno está matriculado é repassado diretamente à instituição de ensino.
Segurança
O acadêmico do 1.º período de Engenharia Civil Paulo Cezar Araújo, 32 anos, iniciou os estudos este ano em uma faculdade particular de Curitiba. Ele conseguiu financiar 70% do valor das mensalidades e diz que o crédito é essencial para que ele possa cursar a faculdade.
“Para mim, ficaria muito pesado arcar com o valor integral da faculdade neste momento. Existia o risco de começar os estudos e, mais para frente, precisar trancar a matrícula por problemas financeiros. O Fies me dá tranquilidade para estudar”, conta.
O estudante solicitou o financiamento e ficou em uma fila de espera, de acordo com as novas regras do Fies. Como os candidatos classificados antes dele não conseguiram firmar contrato, conseguiu o benefício.
A jornalista Maria Celeste Corrêa fez sua graduação em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), em 1983, com o amparo de outro programa federal e já extinto, o Crédito Educativo. Na época, além do financiamento estudantil, o aluno podia ser beneficiado com um aditivo que o ajudaria com custos adicionais.
“Eu passei no vestibular e vi que não teria condições de pagar a faculdade. Na época, fui ao banco com a minha mãe e apresentamos a nossa condição financeira. Eu consegui o financiamento dos estudos e um aditivo que me auxiliava no transporte e na alimentação”.
Depois de se formar, Maria Celeste, que também é escritora, ainda teve um ano de carência até começar a pagar os boletos mensais do seu financiamento, que foram divididos em quatro anos.
Crédito privado
Com as exigências para a liberação dos créditos e as novas regras dos programas federais para financiamento do ensino superior no Brasil, nem todos os acadêmicos conseguem acessar o Fies. Nestes casos, o crédito privado é uma alternativa.
O Crédito Universitário Pravaler é o maior financiador privado do país atualmente. Com regras próprias de pagamento e de juros, o programa mantém convênio com 400 instituições de ensino pelo Brasil e já beneficiou mais de 100 mil alunos em dez anos de existência.
O presidente e consultor da Hoper Educação, William Klein, diz que pesquisar todas as opções de financiamento antes de fechar qualquer negócio é essencial para evitar precipitações por parte do estudante.
De acordo com Klein, o Fies ainda é a opção melhor, pois as condições de pagamento e as taxas de juros tornam o financiamento mais acessível. Ele alerta que, na questão do crédito privado, como todos os valores e prazos são de sistemas bancários, é necessário que o financiamento seja bem planejado para evitar dívidas depois da conclusão da faculdade.
“O aluno deve procurar alternativas, caso não consiga o financiamento pelo Fies. Ele pode pesquisar diretamente em algumas instituições e tentar uma bolsa de estudos para evitar financiamentos privados com altas taxas financeiras”, afirma.
“Os financiamentos privados podem deixar de ser um auxílio e se transformar em uma bola de neve depois da formatura”.
William Klein, consultor educacional
Opções
Conheça detalhes sobre os tipos de financiamentos estudantis mais usados no país:
Fies: O programa foi criado para substituir o Crédito Educativo, em 1999, e é destinado a pessoas que não podem arcar com os custos de uma formação superior. Além de um tempo maior para pagamento, o programa oferece taxas menores que os financiamentos privados e o aluno que queira contratar o Fies deve preencher alguns requisitos.
Pravaler: O Pravaler Crédito Universitário é um programa privado de financiamento estudantil, criado em 2006. As taxas e condições de pagamento são baseadas nos sistemas bancários conveniados à instituição financeira mantenedora do programa.
Outros (geral): Algumas instituições de ensino e bancos privados oferecem os seus próprios financiamentos estudantis. Em alguns casos, a instituição de ensino e o banco mantém convênio para fornecer o crédito educativo e facilitar o acesso dos estudantes à universidade.