“O senso comum diz que o propósito de qualquer empresa é ganhar dinheiro, ter sucesso financeiro a todo custo. Bem, eu discordo! O capitalismo formou o mundo que vivemos hoje, mas isso já não é mais escalável. Diante de tantos problemas sociais, econômicos e incertezas que só tendem a ficar maiores, agir de forma colaborativa é ter a mentalidade de que a divisão deve, necessariamente, substituir o acúmulo. Por que irei comprar uma furadeira, se posso alugar uma para pendurar meu quadro? Compartilhar gera muito mais valor para todos envolvidos.
Eu desenvolvo ideias inovadoras desde 2013, quando comecei no mundo das startups. De lá para cá foram três projetos. O Bomo – aplicativo que recompensa motoristas que não cometem infrações de trânsito – é o terceiro e é nesse que comecei no formato colaborativo. Antes mesmo de saber o que era isso, eu já queria criar uma empresa que não pensasse apenas em lucrar alto. Mas sim, ajudar as pessoas de alguma forma, ter um propósito.
Acredito no ganha-ganha. Por que apenas um tem que ganhar? Isso está errado! Aqui no Bomo, o parceiro é beneficiado, porque levamos pessoas para gastar na sua empresa, ele ganha mais clientes, mais vendas e lucros. O usuário do app ganha dinheiro por ser um bom motorista e aumenta seu poder de compra todo mês ao receber essa grana extra. O Bomo ganha um percentual de comissão para tocar a operação, afinal não somos um ONG. E a sociedade toda ganha se os motoristas respeitarem as leis de trânsito. Mudou toda a nossa forma de pensar. É um estilo de vida e isso influencia todos a nossa volta.
Estamos dentro de uma aceleradora, onde somos ajudados e orientados com suporte jurídico, contábil, administrativo, e até físico, pois não temos gastos aqui com aluguel, água, luz, telefone etc. A rede de contatos, mentorias de empresários e empreendedores que possuem um background e expertise enorme tornam nosso dia a dia colaborativo na prática. Eles sabem que se ganharmos e construirmos algo muito valioso, eles também ganharão conosco.
Além disso, realizo bate-papos todos os meses em faculdades sem cobrar cachê nenhum. Vou porque sei que posso ajudar de alguma forma pessoas a entender o seu potencial.
Acredito nisso, que todos têm potencial para fazer coisas incríveis. Às vezes só precisamos de uma motivação.
Sobre o BOMO
Em 2015, após presenciar um atropelamento por um motorista que furou o sinal vermelho do semáforo, e por conta de uma curiosidade, me deparei com um problema mundial que, segundo a ONU, é uma epidemia contemporânea: os acidentes de trânsito. Comecei a pesquisar sobre o assunto e achei números absurdos. Entender porque isso acontecia foi meu desafio. Ao conversar com pessoas da área e olhar para países mais eficazes em conter acidentes nas ruas e estradas, descobri que o que é feito no Brasil nunca irá frear acidentes e mortes no trânsito.
As multas são importantes, sim, elas têm o seu papel. Porém, precisamos de mais e sabemos que punir não educa ninguém. É preciso motivar. Foi com esse mindset que criei a startup Bomo, que significa “bom motorista”, um app que torna possível para 66 milhões de brasileiros que possuem CNH ganhar dinheiro todo mês por não tomar multa de trânsito. Esse dinheiro vem de parcerias que firmamos com empresas do varejo. Se conseguirmos levar pessoas para comprar e gastar com nossos parceiros, eles nos pagam uma comissão e a maior parte dessa comissão é compartilhada com o motorista que não cometeu multas.
Parece estranho ter que incentivar as pessoas a respeitarem as leis de trânsito, isso deveria ser parte da civilidade de cada um, mas não é assim que as coisas funcionam, não como achamos que deveriam ser. Na Suécia, por exemplo, acidentes, vítimas e mortes no trânsito têm índices baixíssimos. Lá, os bons motoristas ganham vários incentivos do governo, abatimento em impostos e muito mais.
Para mim, vale a frase “sozinho vamos mais rápidos, mas juntos vamos mais longe”. Acredito em algo capaz de ajudar com o trânsito no Brasil e todos os envolvidos neste processo.