O Brasil é considerado um país de baixa produtividade. Um estudo da Confederação Nacional da Indústria, divulgado em 2017, coloca o país em penúltimo lugar na classificação geral de competitividade, entre 18 países.
Mas como o empresário brasileiro pode combater esta ameaça? Especialistas em gestão de pessoas apontam desafios a serem superados e soluções para diminuir e vencer o problema.
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Cuidar da saúde física e mental
A saúde física e mental dos colaboradores deve ser considerada pelas empresas que precisam melhorar seus índices de produtividade. Para especialistas consultados pela Gazeta do Povo, é fato que profissionais com maior qualidade de vida são mais produtivos. “Na questão da produtividade individual, a saúde é o mais importante. E não só a saúde do profissional, mas também a da sua família. Pessoas doentes ou com os filhos doentes, passando por alguma dificuldade em conseguir o tratamento adequado, tornam-se menos produtivas. As empresas precisam dar o suporte nesse aspecto, com práticas internas e plano de saúde para os colaboradores, entre outros benefícios”, diz Humberto Wahrhaftig, gerente da empresa de recrutamento Michael Page.
Incentivar hábitos saudáveis e prática de exercícios
Para o consultor em desenvolvimento do potencial humano Vítor Caruso Júnior, incentivar hábitos mais saudáveis e a prática de exercícios é um aspecto importante na gestão de pessoas: “As empresas precisam mostrar que se preocupam com as pessoas. Isso gera maior produtividade e economia. Na ponta do lápis é fácil provar. É só calcular as perdas com faltas e afastamentos”, argumenta. A capacidade das lideranças de administrar questões envolvendo a saúde dos colaboradores e familiares também faz a diferença.
Ter ambientes propícios à colaboração
“Muitas vezes se pensa produtividade como sinônimo de redução de custos e crescimento de índices, mas isso é muito pequeno. Produtividade envolve potencial humano e é preciso pensar as pessoas como seres únicos. As empresas que estão ganhando em produtividade são aquelas que enxergam isso”, avalia a consultora em Recursos Humanos Cristina Bresser. Para ela, equipes engajadas e culturas organizacionais que favorecem a empatia criam ambientes propícios à colaboração entre as pessoas e a sensação de satisfação e bem-estar no trabalho. “Dizer que, quando se está no trabalho, a vida pessoal fica da porta para fora não é verdade. Quem está com problemas não consegue ter foco. A empresa precisa criar condições para que as pessoas se sintam compreendidas, respeitadas, reconhecidas e amadas”, afirma.
Intervalos estratégicos
Além da preocupação com a questão postural e ambientes que deixem os colaboradores confortáveis, as empresas de alta produtividade adotam espaços para intervalos estratégicos. O descanso intercalado com o trabalho melhora o foco e aumenta a produtividade dos profissionais. “A energia precisa fluir e não há como produzir de forma eficaz fazendo a mesma atividade por várias horas. É preciso fazer intervalos para se alimentar, caminhar, sair de frente do computador”, diz Cristina.
Espaços para relaxamento, lazer e esporte
O entendimento sobre essa necessidade já altera ambientes de trabalho principalmente nas empresas que exigem criatividade. Espaços para relaxamento e lazer, oferta de serviços como massagem ou entrega de lanches saudáveis durante o expediente são alguns exemplos. “As atividades podem ser diversas, desde que agradem as pessoas que trabalham na empresa. E todas as equipes têm gostos em comum. Fazer confraternizações é a melhor opção para que o gestor descubra quais são e incorpore essas opções na empresa”, sugere Cristina. “Nas empresas que atingem níveis de alta produtividade é bem clara a relação entre o fluxo de produtividade e o relaxamento. Ao intercalar as duas coisas, o ganho de produtividade é exponencial. Por isso, essas empresas investem em ambientes verdes, espaços para práticas esportivas, descanso e lazer”, afirma Caruso.
Ambiente adequado à cultura da empresa
Para Wahrhaftig, mudanças no ambiente podem tornar os processos mais produtivos, mas é preciso estudar o que for mais adequado à cultura da empresa. “As pessoas precisam estar confortáveis. Por vezes, o profissional não se adapta a um ambiente aprovado por 90% da equipe. Em empresas com ambiente aberto, cultura de troca e compartilhamento do espaço, é preciso que as pessoas tenham perfil para trabalhar de forma focada e autônoma com ruídos e distrações. Há quem precise de ambientes silenciosos, reservados”, pondera.
O funcionário deve saber o que se espera dele
Para Cristina Bresser, é importante também dar sentido naquilo que o profissional realiza dentro das organizações. “Produtividade envolve motivação, que vem da oportunidade de fazer a diferença. Carga horária flexível, bom salário, participação nos lucros, entre outros benefícios, são importantes, assim como a possibilidade de crescimento profissional dentro da empresa. Mas as pessoas precisam saber o que é esperado delas. O terceiro setor nos mostra isso. Pessoas que trabalham por salários simbólicos, ou até de forma voluntária, mas têm paixão no que fazem. Isso acontece porque elas sabem que o que produzem tem sentido”, conclui.