Ele é chamado de Mark Zuckerberg brasileiro¹. Outros títulos que acumula com seus 30 e poucos anos: “uma das 50 mentes mais inovadoras do país²” e “um dos 15 brasileiros mais influentes na internet³”. Há 8 anos, Gustavo Caetano, fundador da Samba Tech, vislumbrou uma tendência inovadora no mercado da tecnologia e hoje é um quase especialista em “prever o futuro”, principalmente no que diz respeito às startups e como elas vão revolucionar os grandes mercados.
O autor do best-seller Pense Simples é a principal atração do Futurize-se, evento promovido pela Uninter que acontece no próximo dia 1° de fevereiro em Curitiba, e conversou com a Gazeta do Povo sobre o que pensa do futuro, especialmente do mercado de trabalho e da educação. Na opinião dele, as profissões braçais serão as primeiras a desaparecer.
“Eu acho que o mundo vai caminhar para profissões que comandem máquinas. Cada vez mais, em todas as áreas, você vai ter que entender como controlar a tecnologia, não precisa ser um programador, mas vai precisar a lidar com máquinas no dia-a-dia. Independente da área, todo mundo tem que adotar a tecnologia rápido, não tem como fugir. Não tem mais esse negócio que o seu skill técnico vai vencer, a máquina sempre vai ganhar”.
Gustavo não aponta quais as novas profissões que devem surgir com essa mudança, mas sim quais habilidades serão exigidas nessas funções. “Ter essa curiosidade, ler, estudar as coisas, entender o que está acontecendo no mundo, pra onde o mundo está caminhando, ver como as coisas que estão surgindo irão impactar na sua vida e na sua profissão em alguns anos. E vendo uma tendência, tem que estar muito aberto e muito curioso”.
Visionário
A trajetória no mundo dos negócios de Gustavo Caetano começou quando ele, ainda na faculdade, foi atrás de desenvolvedores de jogos para celular na Inglaterra para trazer a representação de venda deles ao Brasil. Ele tinha 19 anos e, mesmo sem recursos para a empreitada, buscou um investidor e montou a própria empresa. Poucos anos depois, ao perceber que seu negócio perderia valor (em razão da grande concorrência que surgia), decidiu que era o momento de buscar a próxima novidade. Foi assim que surgiu a Samba Tech, uma plataforma de vídeos que hoje é líder na América Latina e atende oito das dez maiores emissoras de televisão do Brasil.
“A minha história começou com uma necessidade minha (de baixar jogos no celular) e quando entrei no mercado que comecei a pensar o que seria o futuro. Mais importante do que ficar muito tempo pensando na sua ideia é fazer, é colocar em prática. É a partir daí que você começa a ter aprendizado, ver o que dá certo, o que não dá”.
Com base na própria história, Gustavo tem um conceito próprio do que faz uma pessoa ser inovadora. “É uma pessoa que está buscando resolver problemas de maneira diferente. Muitas vezes, as pessoas têm ideias para resolver os problemas, mas fica preso no que sempre foi feito. Criar algo que não existe é um tipo de inovação muito difícil de acontecer. Você pode mudar as coisas que já existem. Inovação não tem a ver com invenção. Às vezes, pequenas coisas que você faz geram evoluções grandes”.
Novos modelos de negócios
Gustavo Caetano acredita na força das startups como uma oportunidade para empresas menores competirem com os grandes negócios.
“Acho que estamos vivendo a era de Davi X Golias, onde pela primeira vez o pequeno vai ter vez contra o grande. Tem empresas nascendo para disputar lugar com os grandões, o que nunca aconteceu antes. Isso gera mais oportunidades de emprego, empregos diferentes, crescimento mais rápido – dentro de uma startup o profissional consegue crescer em pouco tempo porque tem uma hierarquia menor, agilidade maior, foco em resultado e não em politica”.
Na opinião dele, as grandes empresas também estão aprendendo com as startups. Por exemplo, os bancos que hoje contam com aceleradora. O empresário também acredita em modelos como a economia colaborativa, em que as pessoas preferem não possuir bens, mas sim compartilhar desde imóveis, carros e experiências.
Profissionais do futuro
“A gente não busca mais as pessoas pelo currículo. Se tenho uma vaga para comunicação, não necessariamente preciso de alguém com formação na área, eu preciso de alguém com um perfil mais amplo, alguém que pense em resolver problemas, tenha pró-atividade, saiba escrever bem, se comunicar bem, então independente do que ele se formou, isso não importa mais tanto para a gente. E isso vai deixar de importar cada vez mais”.
Gustavo acredita que as instituições de ensino têm um papel fundamental na formação desse novo profissional. “O papel (da faculdade) é também trazer o que é tendência e discutir em sala de aula. Ela precisa começar a pensar para a frente, o que vai acontecer, o que esse cara que ninguém conhece hoje está fazendo de diferente que pode mudar o mundo, que é a grande evolução que vai impactar nosso negócio”.
O empresário acredita que o aluno hoje tem cada vez mais conhecimento. Por esse motivo, a faculdade tem que ser o lugar para experimentar coisas diferentes, ter uma mistura de teoria com prática. “E isso tem que acontecer em um futuro próximo porque é cada vez mais difícil chamar e reter a atenção da nova geração. O professor também tem que mudar o jeito de trazer esse aluno para dentro, forçar ele a pensar em resolução de problemas e não só decorar coisas que nunca mais vai usar, tem que trazer praticidade para o conhecimento”.
Futurize-ze
Gustavo Caetano, fundador da Samba Tech e autor do best-seller Pense Simples, é o principal palestrante do evento Futurize-se, que acontece no próximo dia 1° de fevereiro no Espaço Thá, em Curitiba. O evento, promovido pela Uninter, também vai contar uma rodada de talks com três inovadores: Andrea Greca, fundadora da Berlin e analista de tendências; Anderson Godzikowski, advisor e investidor em projetos, startups e governança corporativa; e Vitor Torres, fundador e CEO da Contabilizei. Os participantes ainda conhecerão as tendências em especialização da Uninter. O evento será transmitido em tempo real aqui na página da Gazeta do Povo a partir das 9h15.
¹ Business Insider
² Revista Proxxima
³ Revista GQ
* Colaboração de Roberta Braga