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O torcedor Marcelo Sebrão saía todo dia do Cristo Rei e ia até o Água Verde acompanhar o andamento da obra: o grupo Amigos do Mirante acompanhou o crescimento do sonho rubro-negro | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
O torcedor Marcelo Sebrão saía todo dia do Cristo Rei e ia até o Água Verde acompanhar o andamento da obra: o grupo Amigos do Mirante acompanhou o crescimento do sonho rubro-negro| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

"Foi como conquistar a casa própria"

A satisfação de ter ajudado a garantir a casa própria dos atleticanos fez o ex-dirigente Ademir Adur deixar de lado o propósito de nada mais comentar sobre a vida do Atlético. Importante integrante da revolução rubro-negra de 1995, ele foi o presidente durante a construção do estádio, também em 2000 e deixou o clube em 2002, tendo a Arena e também o CT do Caju como orgulhos.

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Iohann, o maior artilheiro do Caldeirão

Nem Kléber Pereira, nem Alex Mineiro, muito menos Ilan ou Washington. Ninguém marcou mais gols na Arena do que Iohann Rocha da Silva. Mais de 200 em cinco anos. O torcedor pode não reconhecer o nome, mas muitos comemoraram a brincadeira que virou tradição no estádio. A maioria dos atleticanos lembra do garoto que atravessava o campo antes de quase todas as partidas para estufar as redes da nova casa rubro-negra.

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"O estádio explodiu. Todo mundo queria voltar a gritar gol na Baixada"

Ele fez o Caldeirão ferver no tão esperado primeiro grito de gol na casa nova. Atacante do Gamba Osaka, do Japão, Lucas lembrou dos primeiros momentos do recém-construído estádio que tanto marcou sua passagem pelo Furacão.

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A curiosidade virou compromisso e a rotina transformou-se em devoção. Quase diariamente, o aposentado Marcelo Sebrão saía do Cristo Rei e ia até o Água Verde para acompanhar a construção do templo dos atleticanos. Há dez anos, 750 toneladas de estrutura metálica, 2.450 toneladas de aço, 28.512 m3 de concreto, 142.480 m3 de terra movimentados, 27.142 m3 de alvenaria davam forma à tão esperada Arena da Baixada.

Assim como Sebrão, dezenas de torcedores peregrinavam até a Rua Madre Maria dos Anjos, onde uma plataforma foi erguida dando vista à execução do estádio mais moderno do país.

Em ritmo acelerado, a movimentação dos operários, máquinas e guindastes garantia quase uma novidade por dia. Um piso aqui, uma torre ali, um lance de arquibancada lá e os fiéis olheiros de obra já tinham o que comentar e venerar.

O grupo cresceu e transformou-se no Amigos do Mirante. Um pequeno símbolo da imensa expectativa que durou 627 dias. Ou a vida inteira do Clube Atlético Paranaense.

Eterno trunfo do time – mesmo quando acanhado e improvisado e que chegou a ter a venda cogitada nos anos 70 por causa das dívidas –, o estádio materializava o orgulho atleticano. Era o adeus ao Pinheirão e a outros campos alheios. O fim do estigma de sem-terra, provocação constante dos adversários quando o time precisou ficar exilado do seu reduto.

"Nasci atleticano e sempre fui aos jogos. Acompanhava o Atlético até no maldito Pinheirão, era um dos poucos que se aventuravam até lá. Depois veio o Farinhacão, que mesmo modesto era a nossa casa. Quando o (então presidente) Mário Celso Petraglia veio com a ideia do novo estádio, houve um certo receio de se colocar o estádio recém-reformado no chão. Agora está aí a nossa Arena linda", comemora Sebrão.

Ele acompanhou tudo. "Muita gente incluiu a obra no seu dia a dia. Foi muito rápido, um ritmo frenético. A cada dia chegávamos imaginando o que iria acontecer. Na data da inauguração, seis horas antes, estavam terminando as calçadas e o revestimento da entrada", relembrou.

Ninguém reparou nos retoques de última hora naquele 24 de junho de 1999. Arquibancadas lotadas, torcedores extasiados e o show de luzes culminaram na apoteose quando os novíssimos alto-falantes tocaram o hino atleticano, melodia de uma paixão tão antiga.

Dado pelos atleticanos como a primeira praça futebolística do estado, inaugurada em 1914, o estádio iniciava há dez anos uma nova era para o clube. Um boom patrimonial (incluindo o CT do Caju) aliado às maiores conquistas dentro dos gramados. Foi muito graças à Arena que o Rubro-Negro chegou pela primeira vez à Copa Libertadores e também ao ápice dos gramados, empurrado por seus fanáticos torcedores na campanha do título brasileiro de 2001.

O Atlético virava referência, antecipava uma tendência de modernização e tomava o caminho da elite dos estádios mundiais, para chegar no ano do centenário de inauguração da Baixada como palco da Copa do Mundo de 2014.

Colaboraram André Pugliesi e Robson De Lazzari

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