O Paraná fez mais dentro de campo em 2012 do que poderia se esperar lá no começo do ano, quando apenas nove jogadores se apresentaram para a pré-temporada. Pois se voltar à Primeira Divisão estadual era obrigação, permanecer na Série B sem em momento algum ter corrido risco real de rebaixamento – e ainda ter sonhado com o acesso – é uma boa surpresa. Sem falar na Copa do Brasil, em que chegar às oitavas de final, contra o Palmeiras, foi acima do esperado.

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Missão cumprida em 2012, evoluir é obrigação em 2013. Eis o busílis. Antes de pensar na próxima temporada, a diretoria precisa zerar as pendências da atual. Como convencer um jogador com contrato vencendo a renovar se o clube não pagou tudo o que prometeu? E antes que alguém diga que no Vasco, no Flamengo e em tantos outros clubes acontece o mesmo, senão pior – o que é verdade –, lembro que há uma diferença fundamental entre as situações. Flamengo e Vasco são vitrines reluzentes o suficiente para um jogador querer estar lá mesmo sabendo que não vai receber. É insano, mas é o mercado.

Outra dificuldade será captar novos e bons jogadores. Neste ano, Ricardinho foi o imã que atraiu gente como Anderson, Ricardo Conceição, Lúcio Flávio, Fernandinho e Alex Bruno. Todos estiveram em campo terça-feira, contra o CRB. Os quatro primeiros foram titulares o ano inteiro – e Alex Bruno só não foi porque se machucou.

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Ricardinho partiu, mas a necessidade de manter esses jogadores e atrair outros do mesmo nível permanece. Toninho Cecílio e Alex Brasil terão o mesmo magnetismo? Haverá um lastro financeiro que permita ao clube manter o ano todo a política do "o salário aqui não é alto, mas é pago em dia"? O Paraná resistirá à tentação de não vender (de novo) a alma a empresários? As respostas a essas perguntas determinarão o quão bom será o 2013 paranista. Respostas que, inevitavelmente, estão ligadas a ter dinheiro em caixa.

A curto prazo, não há segredo. O Tricolor precisará vender alguma revelação. Luisinho é, há semanas, dado como certo no Vitória. Provavelmente será necessário que Paulo Henrique e, talvez, Alex Alves sigam o mesmo caminho. Negociar jogador da casa não é pecado. Pecado é fazer negócio ruim, usar mal o dinheiro ou não ter reposição nas categorias de base. O Paraná não se pode dar ao luxo de cometer nenhum dos três.

A médio e longo prazo, parece inevitável que o Paraná se desfaça de parte do patrimônio. Uma maneira de fazer receita, reduzir custos e ganhar musculatura. E não digo isso para transformar novamente o Tricolor em morador fixo da Primeira Divisão. É o mínimo para o clube ser um time de Série B com visitas periódicas à Série A. No futebol atual, com 20 times na A, 20 na B e a dupla Atletiba com muito mais dinheiro, este é o papel que cabe ao Paraná.