Apagão juvenil
Carlos Guimarães Filho, repórter
Parece que o capitão Paulo Baier tem razão. O Atlético é um "time muito juvenil". Mesmo jogando contra o líder da competição, o Rubro-Negro não pode se postar em campo como um time de primeira viagem. Atenção é o mínimo que se espera de uma equipe que está com a água no nariz e, a cada rodada, mais perto do abismo do rebaixamento.
O Atlético não tem mais tempo para tirar ensinamentos visando a próxima partida. Não adianta presidente, técnico e jogadores lamentarem as bolas na trave e a falta de sorte, mesmo quando ela teima em não vestir a camisa rubro-negra.
Com um elenco limitado tecnicamente, sabido por todos, a solução para evitar o terceiro rebaixamento na história do clube precisa ser na base da atenção, luta e garra.
Esse tripé de fatores parece que precisa da contribuição direta do atacante Nieto, apesar de limitado, munido até a alma do espírito de garra. O Delegado precisa escalar o atacante argentino e outros dez juvenis contra o São Paulo.
Em um jogo de atuação distinta nas duas etapas, o Atlético perdeu para o Corinthians, no Pacaembu, e continua estacionado na 18.ª posição, três pontos atrás do Cruzeiro, o primeiro time fora da temida zona de rebaixamento. O apagão que tomou conta dos jogadores rubro-negros nos quatro primeiros minutos do jogo foi determinante para a 16.ª derrota no Brasileiro o dobro do número de vitórias.
Apático, o rubro-negro viu o Corinthians garantir os três pontos e, consequentemente, a permanência no topo da tabela, logo nos primeiros instantes do jogo. Dois minutos após o apito inicial, os paulistas abriram o placar com Paulinho, em total desatenção da zaga atleticana. O Atlético mal teve tempo de posicionar o time em campo e o goleiro Renan Rocha buscava, novamente, a bola no fundo da rede após chute de fora da área de Emerson. A única vez em que o Furacão chegou ao ataque foi aos 30 minutos, com um chute bisonho de Guerrón.
"Não dá nem para explicar. O Corinthians encaixou bem os contra-ataques e marcou dois gols. Felicidade deles e desatenção nossa", resumiu o volante Wendel na saída para o intervalo. "Não sei o que fazer. Tem que ver com o [Antônio] Lopes", completou o zagueiro Gustavo.
A conversa entre os atletas e o técnico Antônio Lopes no vestiário surtiu efeito. O Atlético voltou para o gramado com outra postura. Aos três minutos, em jogada individual de Nieto, que entrou no lugar do apagado Adaílton, Paulo Baier em impedimento diminuiu. O Atlético passou a pressionar em busca do empate e de um pontinho importante.
Mas, na luta contra o fantasma do rebaixamento, o Furacão parece não contar com a sorte. Apesar do bom futebol e das duas bolas na trave, a primeira com Nieto e a outra com Paulo Baier, a mudança de atitude não foi suficiente para reverter o placar adverso. "O empate seria mais justo. Lamento pelos cinco primeiros minutos. O início foi muito ruim, com todos desligados", disse Paulo Baier.
Lopes fez coro com o capitão e lamentou o resultado. Para o comandante atleticano, o nervosismo de alguns jogadores influenciou na atuação negativa do começo. "O time estava um pouco nervoso no primeiro tempo. Erramos na transposição da defesa ao ataque, muitos passes e mal tecnicamente. Tomamos gols pela desatenção", disse o treinador. "No segundo tempo, a equipe teve uma boa apresentação e merecíamos, ao menos, o empate."
A luta pela permanência na elite do futebol brasileiro continua na quarta-feira, quando o Furacão recebe o São Paulo. Na sequência os adversários são Cruzeiro (fora), América-MG (fora) e o clássico Atletiba (casa).
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