A história do Clube Atlético Paranaense passa hoje pelo Morumbi. E nunca mais será a mesma. A do São Paulo também. Às 21h45, as duas equipes fazem a partida de suas vidas. Em 90 minutos, 120 ou nos pênaltis sairá o campeão de 2005 da Libertadores da América, a principal competição interclubes do continente.

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O Tricolor paulista busca o inédito tricampeonato, algo ainda não alcançado por nenhum time brasileiro. Para o Rubro-Negro, o título sul-americano é a marca que falta para entrar de vez (e de forma incontestável) no grupo dos grandes do Brasil.

E isso justifica a batalha travada nos bastidores que tumultuou a decisão, iniciada com o empate por 1 a 1, em Porto Alegre, na semana passada. Fora de campo, o Rubro-Negro sofreu duas duras derrotas.

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A primeira – e mais importante – foi não poder jogar a primeira partida em casa. A mais recente, ter de aceitar os escassos dois mil ingressos cedidos pelo São Paulo. Os torcedores atleticanos terão de ficar espremidos atrás de um dos gols do Morumbi – no anel inferior, em um cantinho que deixa a visão da partida prejudicada – e cercados por 70 mil tricolores.

Para os jogadores, a desigualdade nas arquibancadas é um prenúncio de que em campo a história será diferente. "Se nós tivéssemos jogado na Arena a primeira partida, com certeza teríamos vencido. No Beira-Rio, quando tomamos o gol, ficamos perdidos. Se fosse no Caldeirão, a nossa torcida não teria deixado isso acontecer", lembrou o centroavante Aloísio, sem que ninguém lhe perguntasse nada sobre o assunto.

Ontem, o sorriso geralmente estampado no rosto do atacante deu lugar a uma determinação incomum. "Agora vamos enfrentar os 70 mil torcedores deles. Pode ser que nem consigamos ouvir a nossa torcida, mas sabemos que estarão lá, e o jogo será nas quatro linhas. Lá dentro, podem ter certeza de que daremos a nossa vida por esse título", completou.

O mais simples na final de hoje é o cálculo a ser feito para ser campeão: quem vencer leva. Se tudo permanecer empatado até a prorrogação, a taça será decidida nos pênaltis. Já o resto é imprevisível.

Os 90 (ou 120) minutos da final de hoje encerram uma trajetória de exatamente 150 dias, marcada por altos e baixos do Atlético na competição. Uma alternância entre céu e inferno semelhante aos 81 anos de história do clube.

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Foram 13 partidas pela América, sete vitórias, três empates, três derrotas e quatro técnicos diferentes: Casemiro Mior, Edinho, Borba Filho e Antônio Lopes. Um saldo de três gols a favor – 22 marcados e 19 sofridos. Estatísticas que, hoje, só servirão mesmo para formar o espírito de cada jogador atleticano. Para eles, a decisão é o ponto final de uma viagem pessoal nunca antes trilhada, que será para sempre lembrada.

"No ano passado, lembro de estar assistindo à Libertadores e ainda falar: 'Isso aí é que é ser jogador. Sou apenas um dublê.' Hoje, aquele jogador sou eu e vamos fazer de tudo para esse título não escapar", conta Fabrício.

Cocito completa: "Este é um sonho de qualquer jogador. Então, vamos dar tudo em campo. Quando a partida acabar, independentemente do resultado, pode ter certeza de que não vai sobrar um restinho da gente lá."

Os dias que antecederam a final demonstram que o discurso foi posto em prática. A exemplo dos outros duelos eliminatórios na Libertadores, o elenco teve de ouvir provocações (a promessa do Morumtri do são-paulino Amoroso voltou à tona), enfrentar o descrédito, ouvir especulações sobre premiação... Apenas uma diferença. Desta vez, esse não foi o mote para motivação atleticana.

"Não vou dizer que não gosto de dinheiro ou que não fico bravo com esse tipo de coisas que estão falando. Só que não conseguimos pensar em mais nada que não seja conquistar esse título", afirmou o capitão Marcão.

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‹ São Paulo x Atlético, às 21h45, na Globo/ RPC e no Sportv.

Em São Paulo

São Paulo Rogério Ceni; Alex, Lugano e Fabão; Cicinho, Mineiro, Josué, Danilo e Júnio; Amoroso e Luizão.Técnico: Paulo Autuori.

AtléticoDiego; Jancarlos, Danilo, Durval e Marcão; Alan Bahia, Cocito, Fernandinho (Evandro) e Fabrício; Lima e Aloísio.Técnico: Antônio Lopes.

Estádio: Morumbi.Horário: 21h45.Árbitro: Horacio Elizondo (Argentina).Auxs.: Rodolfo Otero e Juan Carlos Rebollo (Argentina)

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