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A nuvem escura que se posicionou exatamente em cima do Pinheirão minutos antes do início da final do Campeonato Paranaense chegou a parecer um sinal ruim ao torcedor paranista quando Warlley marcou o gol da Adap. Mas o crepúsculo tricolor que tomou conta do céu ao apito final do árbitro Cleivaldo Bernardo não deixou dúvidas de que, lá embaixo, no gramado do estádio, a festa paranista seria completa. E foi.

A comemoração contida nos nove anos de jejum foi embalada pelos gritos de "Tricolor é meu amor" e "É campeão" desde o gol de Marcelinho, na metade do segundo tempo, até o desfile em carro aberto pelas ruas da cidade, que culminou em uma grande festa em frente à sede do clube, na Avenida Kennedy. Mas nesse meio tempo, muitas são as cenas que descrevem a euforia que tomou conta da massa azul, vermelha e branca na noite de ontem.

Entre correria e abraços de jogadores e diretoria, os penetras formaram apenas uma das faces da festa.

Enquanto vários seguranças tentavam dar conta de retirar os torcedores que surgiam de vários lugares do campo, dois deles conseguiram passar despercebidos, correram para abraçar o goleiro Flávio e, já com o arqueiro caído, tomaram-lhe as duas chuteiras. Como chegaram, sumiram com os braços erguidos e os troféus nas mãos.

Outra: o meio-campista Élton, recém-saído dos juniores, correndo entre os companheiros com um caixão de papelão verde, já surrado, enquanto alguns membros da comissão técnica tentavam convencê-lo a parar com a provocação.

Mais outra: o superintendente do Paraná Ricardo Machado Lima, conhecido pelo alto nível de estresse, dando gritinhos de "urru" na entrega da taça, enquanto os jogadores cantavam um refrão que iniciava sempre com o nome de um jogador e acabava com "até o chão".

Ou então: Barbieri correndo para o vestiário após o apito do juiz e, dez minutos depois, sendo trazido nas costas pelo atacante Leonardo, já de calça social e camisa amarela.

A torcida acompanhou a tudo e só saiu do estádio quando o último jogador deixou o campo. Para muitos foi o momento de ir embora, com o orgulho em dia. Aí, a imagem do pedreiro Justino Coelho, 47 anos, parado na quilométrica fila formada para pegar o Interbairros II, é símbolo desse sentimento contido.

Sorrindo sozinho, não era o fim do jejum – que ele achava ser de sete anos – o motivo da felicidade, mas sim a tão esperada oportunidade para tirar uma lasca dos amigos alviverdes e rubro-negros. "Passei muito tempo agüentando as piadinhas. Amanhã (hoje), quem vai tirar um sarro sou eu."

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