Dois dias após a prisão de sete cartolas na Suíça, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, alfinetou adversários, destacou a importância de patrocinadores e pediu a “divisão” da responsabilidade pela crise na entidade. O dirigente afirmou ainda, em discurso nesta sexta-feira (29), que um dia seu antecessor (o brasileiro João Havelange) classificou a entidade de um “monstro criado”.
“A Fifa não é um monstro, mas uma grande empresa, se transformou numa empresa muito importante. Não é um clube”, disse o dirigente.
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O discurso foi feito durante o segundo dia do congresso da entidade em Zurique, quando será realizada a eleição do novo presidente para os próximos quatro anos. Blatter é o favorito contra o príncipe da Jordânia, Ali bin Al-Hussein, apoiado pelos europeus.
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Blatter ainda provocou adversários. Afirmou que provavelmente o momento da entidade seria diferente se outros países tivessem levado a sede das Copas de 2018 e 2022 – numa clara alusão a Inglaterra e Estados Unidos, que perderam respectivamente esses jogos para Rússia e Qatar. O dirigente suíço e seus aliados acusam ingleses e americanos de tentarem derrubar as escolhas com denúncias de corrupção.
Ele voltou a se defender do escândalo que atinge a entidade desde quarta-feira (27), quando sete cartolas, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin, foram presos acusados de corrupção pelas autoridades americanas.
Para o suíço, é preciso punir individualmente os culpados e a responsabilidade pela gestão da Fifa não pode ser só dele, seguindo o tom do discurso feito na quinta-feira (28), durante abertura do encontro. “Gostaria de dividir a responsabilidade com vocês, isso é um governo. A responsabilidade é de todos na Fifa. São 209 federações, não podemos supervisionar todo mundo”, afirmou nesta sexta-feira.
Ele ainda destacou a importância de patrocinadores para os eventos da entidade, assim como a relevância dos eventos da Fifa para essas empresas. Nos últimos dias, importantes patrocinadores têm cobrado uma resposta da Fifa às denúncias de corrupção.
Manifestantes a favor da Palestina foram retirados do local do encontro depois de interrompê-lo em protesto contra a permanência de Israel na Fifa. Do lado de fora, além desse grupo, um outro manifesta contra as condições de trabalho dos operários das obras para a Copa de 2022 no Qatar.
Ao todo, 209 federações têm direito a voto na eleição entre Blatter e o príncipe da Jordânia, Ali bin Al-Hussein. Pelas regras, na primeira votação quem atingir dois terços do voto vence a disputa. Caso contrário, ocorre um novo “round”, bastando maioria simples para que um candidato saia vencedor.
A expectativa é que Blatter possa ter votos para levar já no primeiro turno. O dirigente suíço tem o apoio declarado das confederações sul-americana, asiática, africana e da América Central, do Norte e Caribe (Concacaf).
O príncipe da Jordânia tem o apoio oficial da Uefa, que dirige o futebol europeu. Ele aposta ainda que pode conquistar mais 60 votos de fora da Europa, estimativa considerada alta pelos cartolas em Zurique.
Fifa confirma ausência “sem motivos” de Del Nero
O presidente da CBF, Marco Polo del Nero, não estará presente na votação. Ele abandonou o Congresso em Zurique para retornar ao Brasil em meio ao escândalo. A informação foi divulgada pela assessoria da Fifa, pega de surpresa pela saída repentina do cartola nesta quinta-feira (28).
“Ele [Del Nero] informou à Fifa que retornou ao Brasil, mas não explicou os motivos”, disse a entidade à reportagem.
Del Nero decidiu deixar a Suíça no mesmo dia em que a Folha de S.Paulo publicou que há indícios na investigação do Departamento de Justiça dos EUA que podem envolvê-lo no esquema de propina relacionada à Copa do Brasil, competição de clubes organizada pela CBF.
Segundo a Fifa, Del Nero, que apoia a reeleição do presidente Joseph Blatter, pode designar outra pessoa para votar no seu lugar na eleição. Além do congresso, ele estaria na reunião extraordinária do comitê executivo da Fifa no sábado (30) – informação, inclusive, que o próprio havia dado à reportagem, em Zurique, na última segunda-feira (25).
Neste encontro, a Fifa deve decidir sobre as vagas da Copa do Mundo destinadas aos continentes. A Conmebol, que reúne as seleções sul-americanas, pode perder a chance que tem hoje de disputar uma vaga na repescagem, além das quatro que já tem garantida.
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