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O Prudentópolis, equipe que ainda alimenta chances de subir à Série Ouro de 2006, quebrou a lei do silêncio. Dizendo-se vítima de um complô articulado por diretores da Federação Paranaense de Futebol (FPF) e arbitragem, o presidente do clube desabafou ontem à Gazeta do Povo. João Ituarte, 39 anos, garante que já foi procurado para comprar árbitros. É o primeiro dirigente a ratificar a existência de corrupção no apito do estado. Garante que o esquema para manipular resultados segue firme. E ameaça até fechar as portas do Prude se não houver uma rápida reformulação na cúpula do futebol regional.

Gazeta do Povo – Como o Prudentópolis tem visto a crise no futebol paranaense?

João Ituarte – Na verdade precisa ser feita uma reforma total na Federação, sair todo mundo. Tirando os pobres funcionários, ninguém mais tem moral. A entidade está desacreditada, assim como o campeonato da Série Prata. Quem entrar na Justiça para pedir a anulação dos jogos, vai ganhar.

Mas os árbitros sob suspeita foram afastados...

Tudo bem. Veja esse caso: eu citei em depoimento no TJD que o assistente Renê Stavinski havia nos prejudicado em uma partida deste ano. O Bôrtolo (Escorssim, presidente do tribunal) então perguntou se esse juiz me roubou de fato. Não tinha como provar, mas falei que era um suspeito. Para minha surpresa, colocaram ele novamente em um jogo do meu time. Lógico que o cara me ferrou (Prude 2 x 3 Toledo, no domingo).

Seu clube já foi muito prejudicado pelas arbitragens?

Praticamente todos esses árbitros denunciados trabalharam em nossas partidas do ano passado, quando fomos rebaixados.

Pode contar alguma história?

Tivemos uma situação com o Francisco Beltrão muito estranha. Esse time, que é do Valdir de Souza (ex-chefe da arbitragem estadual), colocou um jogador paraguaio de forma irregular. O cara jogou, no entanto não houve punição. Falaram que eu não tinha entregue a denúncia no prazo. Ou seja, existe uma máfia. Não a do apito, mas da Federação. Deveria haver uma intervenção. Essa diretoria tem que ser afastada. Eles estão sob suspeita. E não é de hoje.

O Prudentópolis votou na permanência do Moura...

Vamos ser sinceros. Se você for contra eles, será perseguido. Ou você participa do esquema e paga para subir ou então está fora.

Então já vieram te oferecer compra de árbitros?

Claro. Queriam R$ 60 mil. E disseram que se pagássemos, a vaga era minha.

E quando ocorreu isso?

Desde o início da Série Prata. Fomos sempre achacados. Uma vergonha. Fugimos, fugimos e fugimos. O Nélson Boreico (gerente de futebol do Prudentópolis) era procurado e me passava a proposta. Não aceitava. Como é que eu vou dar dinheiro por fora para vencer Real Brasil, Kashima e essas outras coisas? Parei!

Quem eram os corruptores?

Na hora certa eu vou falar. Se as coisas não tomarem jeito na Federação, vamos para cima. É gente da diretoria da Federação.

Você pode dar detalhes dessas propostas?

Pediram R$ 60 mil pela vaga. Era assim: todo jogo mandavam um juiz para nos ferrar. Em seguida, vinha esse papo de "não querem mesmo a nossa ajuda". Não sei detalhes, mas a grana vai direto para dois diretores e um árbitro.

O presidente da FPF está envolvido?

Não sei. A pessoa que nos ofereceu nunca mencionou o nome dele.

Por que o Prude negou a existência do Bruxo quando a polêmica veio à tona?

Quando estourou o negócio pensei que estávamos livres dos caras. Agora vai ganhar e se classificar quem tiver mérito. Mas a coisa não parou. O escândalo continua.

Você tem alguma prova?

Eu tenho testemunhas.

Ao não aceitar, vieram as retaliações?

Exatamente. O Renê fez de tudo para nos prejudicar contra o São José (28/8). Em cinco minutos, nos deu cinco amarelos. Anulou gol nosso e tentou nos atrapalhar de todas as formas. Mandaram um juiz para nos quebrar.

Ficou então gente de fora das denúncias do TJD?

Com certeza.

Todos os clubes da Série Prata dizem ser deficitários. Como bancam corrupção?

Isso é balela. O Operário comprou jogos. Tem de ser excluído. O cara (Sílvio Gubert, presidente do Conselho) confessou.

O Prude pode acabar?

Enquanto permanecer esse pessoal na FPF, não participo mais. Se eu sair, ninguém mais vai investir no clube. É o fim.

Quando foi a gota d’água?

A derrota contra o Toledo, no domingo. O Maurício Batista de Oliveira apitou. Ele é do esquema. Afirmo categoricamente.

O que você está pretendendo, afinal?

Precisamos moralizar de uma vez. Isso só vai acontecer com a saída imediata de toda a cúpula da Federação. Acabou a credibilidade. Ano que vem, não vou mais pôr meu dinheiro no clube. Cansei de bancar o otário.

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