A nova turma do “titio” Nem

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A memória que os torcedores de Atlético e Paraná têm do zagueiro Nem é a de um jogador lutador, que falava e cobrava muito dos companheiros. Em resumo, um líder dentro de campo. E essas características não se perderam com o passar do tempo. Pelo contrário, estão ainda mais intensas.

Não poderia ser diferente, já que o campeão brasileiro com o Rubro-Negro em 2001 se tornou um comandante de fato: agora é treinador. Depois de uma rápida passagem pelo banco de reservas do time pernambucano Vitória de Santo Antão, onde também começou a carreira de jogador, Nem assumiu o desafio de levar o São José à Primeira Divisão do Campe­­onato Para­naense.

Não está sozinho na missão. Sob o comando dele estão mais do que jogadores, mas alguns amigos que fez durante os anos em que esteve dentro das quatro linhas: Pilo, Edu Brasil e Perdigão. O trio rodou muito no mundo da bola e virou grupo de confiança de Nem. Serão responsáveis por garantir experiência em campo – todos eles têm mais de 30 anos.

"Não é fácil [reunir os amigos]. Fui ligando e tentando convencer as pessoas a virem. Graças a Deus conseguiram ver o objetivo lá na frente. Sempre tem de começar um trabalho de algum lugar e ainda bem que estou perto dos meus companheiros, dos meus amigos", conta o técnico do São José.

Não somente pela amizade, mas Nem quer que esses jogadores sejam os líderes no gramado, ajudando os que estão começando no futebol. "Não adianta contar só com jovens. O campeonato é muito disputado e precisamos ter jogadores mais velhos para dar o suporte. Mes­clando essas duas categorias, vamos no caminho certo", espera o treinador.

Essa responsabilidade cai muito sobre as costas do meia Perdigão, que, assim como Nem, passou por Atlético e Paraná, além de ter jogado no Internacional, Vasco e Corin­thians. Experiência, ele garante, não falta. É o que pode ajudar um jogador visivelmente fora de forma. "Sei da responsabilidade. Sou meio o titio da turma, mas é legal e bacana ter o respeito dos jogadores e admiração pelo que já fiz na carreira. Lógico que são outros tempos, numa condição diferente de antes, mas ainda tenho força de vontade e dedicação", afirma o "titio" de 33 anos.

A idade avançada, entretanto, não é sinônimo de pouca velocidade ou falta de disposição. Edu Brasil, também com 33 anos e irmão do jogador Mozart (ex-Coritiba) – que quase foi contratado pelo São José –, quer deixar a melhor impressão. "Precisamos encarar que a carreira está perto do fim, mas tenho muito gás ainda e muita lenha para queimar. Quem co­­manda o corpo é a cabeça, e ela está boa."

Os "titios" e o técnico Nem iniciam o desafio de levar o time de São José dos Pinhais à elite do futebol estadual hoje, às 15h30, contra o Londrina, no Estádio do Café, no norte do Paraná.