Dunga sabe que seu emprego está por um fio. A derrota para a Argentina e a conseqüente perda da chance de brigar pelo ouro olímpico, trouxeram de volta a pressão para que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, o demita. O técnico só tem a perder. Se a seleção ganhar o bronze hoje, às 8 horas, contra a Bélgica, no Estádio Olímpico de Xangai, o feito pouco significará; se perder, os gritos pela saída de Dunga ganharão (mais) alguns decibéis. Um tropeço contra o Chile com a seleção principal, daqui a duas semanas, será fatal.
Dunga parece condenado, e tem consciência disso tudo. Apesar de viver a repetir que não está preocupado, fez ontem, dia em que não deveria dar entrevista, um longo desabafo. Defendeu-se atacando, com algum rancor. Um dos alvos foi o presidente Lula, que após a derrota para os argentinos disse que fazia tempo não sentia tanta raiva de uma seleção brasileira.
"Fazer o quê? Falar o quê? Cada um fala o que quer. Perdeu, tem de ficar quieto", respondeu o treinador à pergunta sobre a opinião do presidente. Mas, na verdade, não ficou quieto. Visivelmente chateado, disse que as pessoas podem achar que ele não entende nada como técnico, mas que seu filho vai sempre poder se orgulhar do pai, por seu caráter e transparência. E arrematou: "Meu pai me ensinou uma coisa: quando você tem muito tempo livre, fala bobagem".
O técnico diz que age de acordo com suas convicções e não demonstra intenção de mudá-las. "Futebol tem alegrias e tristezas e é preciso equilíbrio para conviver com os dois." Sob pressão forte, lembrou de situação semelhante, na Copa de 1990, ainda como jogador, quando virou exemplo do futebol sem graça daquela seleção. "Vivi isso em 90, vou viver novamente. Não se pode esperar nada de ninguém. Tem de trabalhar."
Para obter algum resultado, o treinador tenta convencer os atletas de que o bronze vale a pena ser conquistado. Pelo que se viu nos treinos de ontem, não teve sucesso.
Jogadores cabisbaixos e que só no fim do trabalho arriscaram algumas poucas brincadeiras. Ao contrário do que acontece com a Bélgica, que promete comemorar bastante o terceiro lugar. "Para o Brasil não é nada, mas para nós será um feito histórico", resumiu o técnico Jean-François de Sart.
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