Cornélio Procópio O garoto Renan, de 20 anos, carrega no braço as palavras Deus, sorte e família em japonês. Espécie de amuleto, a tatuagem marca um novo ciclo na vida do jogador. Ainda deslocado em meio aos medalhões, ele se surpreendeu, ontem, ao receber das mãos do auxiliar-técnico Cláudio Marques o colete cinza dos titulares. O meio-campista, um dos destaques da boa campanha alviverde na Copa São Paulo, será a única novidade no time que enfrenta o Roma, amanhã, às 16 horas, em Apucarana.
Eufórico com a oportunidade, o prata da casa já faz planos audaciosos para a carreira que acaba de começar. Dono de uma personalidade forte, Renan conta que cresceu nas arquibancadas do Couto Pereira. Herdou da família o amor pelo Coxa. E é justamente da paixão em verde e branco que vem a confiança necessária para se firmar no time.
"Tenho oito anos de Coritiba. Você não sabe o que significa defender o profissional do time que você torce, que você ama. Ainda não absorvi a idéia direito. Sei que posso ajudar. Estou muito esperançoso. Minha família não se contém de tanta alegria", comentou.
Renan ganhou do técnico Márcio Araújo a difícil missão de resolver o crônico problema da equipe, que nos últimos jogos ressentiu-se de um poder ofensivo maior. Tal qual o ídolo Alex, o armador terá liberdade total em campo. Sem tantas obrigações defensivas ficará encarregado de vigiar o primeiro volante do Roma , ele está liberado para fazer o que mais gosta: deixar os atacantes na cara do gol. Desde já a dupla Ludemar e Jéfferson, responsável pelo segundo pior ataque do Estadual, com apenas quatro gols, agradece.
"Admiro o jeito do Alex jogar, sempre de cabeça em pé. Gosto do Evair também. Quando defendeu o Coritiba (2001), ele era o maestro do time. É sempre bom ter bons exemplos para se inspirar", disse ele, com um largo sorriso no rosto, enquanto era perturbado com alguns "Pedala, Robinho" pelos companheiros de divisões de base (e de travessuras) Keirrison, 17, e Pedro Ken, 18.
Mais novos, os dois ainda não tiveram a mesma sorte. Por enquanto, devem continuar como opções para o segundo tempo. Porém os seguidos elogios de Márcio Araújo indicam que a camisa 9 alviverde deverá ter um novo dono em breve.
"Não tenho medo de lançar garotos. Basta apenas que se faça por onde. O Keirrison tem o faro do gol por natureza e vem de uma fase muito boa nos juniores. No pouco tempo em que atuou contra o Londrina, já fez gol. Pena que estava em impedimento", analisou o comandante alviverde.
Mais preocupado com uma incômoda espinha no rosto, o vice-artilheiro da Copa São Paulo, com oito gols, reage com a naturalidade própria da idade. "A pressão pela qual o Coxa passa assusta um pouco. Mas os treinos entre os profissionais me deram a confiança necessária para continuar marcando gols", afirmou Keirrison.