Salvo algum infortúnio com os outros estádios da cidade, o Pinheirão terá amanhã seu último momento de glória. Depois que Paraná e Adap decidirem quem fica com a taça do Campeonato Paranaense de 2006, a praça de esportes que pertence à Federação Paranaense de Futebol será relegada à obscuridade. Eternamente criticado pelos torcedores, o local será o maior prejudicado pela reforma da Vila Capanema. Com a volta para casa dos atuais inquilinos, os grandes clubes da capital não devem mais mandar partidas importantes no Tarumã.
O atraso nas obras do Durival Britto e Silva dará sobrevida ao gramado irregular do único estádio no país pertencente a uma federação. A ligação entre o último "morador" ilustre da construção inaugurada na gestão de José Milani (que sonhava vê-lo com mais de 150 mil lugares) e adotada por Onaireves Moura (que ainda deseja torná-lo palco da Copa de 2014) se estenderá até o fim de maio, nas primeiras rodadas do Brasileiro. Odiado ou não, o Pinheirão, que já fez parte da vida do Atlético, também ficará cravado em episódios importantes da história tricolor. Além da final desta temporada, o clube fundado em 1989 teve outras quatro decisões disputadas no lar adotivo.
A primeira em 1995. Saulo e cia. superaram o Coritiba por 1 a 0 no segundo e definitivo jogo. Era o tricampeonato. Da época gloriosa do vermelho, azul e branco na capital paranaense, foi a única vez em que a festa ocorreu no Pinheirão. No ano seguinte, o estádio da FPF teve papel fundamental na partida de ida. Jogando lá, o Tricolor abriu vantagem de 2 a 0, novamente contra o Alviverde, mas deu a volta olímpica no Alto da Glória. Pelo menos até este fim de semana, aquela foi a última vez em que o Paraná se deu bem em uma final naquela região.
Nas duas outras oportunidades, ambas em 1999, o chope ficou aguado. Na Copa Sul, perdeu para o Grêmio por 1 a 0. Fracasso que serviu de prévia do que viria no Estadual. Em outra decisão tripla, o terceiro jogo foi no Pinheirão. O Paraná abriu 2 a 0, deixou o Coxa empatar e perdeu o troféu.
Principal defensor do estádio, ainda em fase embrionária quando assumiu a entidade máxima do futebol paranaense, Onaireves Moura é considerado o pai da polêmica construção. Fez dele sua bandeira. Tentou transformá-lo em um complexo esportivo, mudou o projeto original do arquiteto Lolô Cornelsen, idealizador do Mineirão, que previa 127 mil lugares, para adaptar aos parcos recursos financeiros, mas nunca conseguiu sucesso. Agora, no momento de incerteza de seu campo, o dirigente está ausente. Não poderá acompanhar a final por estar atrás das grades. Preso no Ahú respondendo por acusações de sonegação de imposto, formação de quadrilha e falsidade ideológica.
O afastamento forçado de Moura não vale destaque apenas pela conexão histórico-emotiva entre criador e criatura. Ele prejudica ainda as decisões sobre o que fazer com o Pinheirão daqui para a frente. "A gente vai tocando sem muito exagero, com algumas restrições em respeito ao presidente", comentou o diretor de eventos e promoções da FPF, Luiz Antônio Souza da Silva.
Segundo ele, é certo que serão criadas novas opções, como reforçar a realização de shows de todos os tipos e até eventos de cunho automobilístico. Não significa que o gramado trocará chuteiras por pneus. O local receberá exposições, apresentações e festas do mundo motorizado.
Esportivamente, não há um horizonte delineado. Ainda. A expectativa é, após o Campeonato Paranaense, estudar a possibilidade de abrir o local para os times que disputarão a divisão de acesso do Estadual. "Sempre tem alguma equipe precisando de estádio", complementou.
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