Amputados voam na cerimônia de abertura dos Jogos: empolgação tomou conta do estádio| Foto: Leon Neal
Daniel Dias lidera a delegação brasileira no desfile realizado no Estádio Olímpico de Londres
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Os britânicos deixaram o estereótipo de lado na cerimônia que marcou o início oficial dos Jogos Paralímpicos de Londres. Em um dia em que o sol se escondeu e o frio e a garoa deram um ar tipicamente londrino à festa de abertura, a empolgação mostrada pelo público e pelos atletas fugiu do discreto padrão dos súditos da Rainha.

A busca intensa pelo conhecimento foi o tema central da apresentação, iniciada com a simulação da explosão do Big Bang, que originou uma imensa "chuva"de bolhas de sabão no Estádio Olímpico. No roteiro, a personagem central Miranda, interpretada por uma cadeirante, foi levada a um caminho de descobertas, inspirado pela evolução da ciência.

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Um dos guias dela foi o físico inglês Stephen Hawking, um dos principais cientistas do mundo. O outro foi o personagem shakespeariano Prospero, interpretado pelo ator Ian McKellen (o Gandalf, do filme Senhor dos Anéis).

Os Jogos Paralímpicos, pela primeira vez na história, foram abertos pela Rainha Elizabeth II. "Celebramos nos Jogos o desenvolvimento do espírito humano e de sonhos que se tornam realidade", discursou o presidente do Comitê Paralímpico Internacional, Philip Craven.

"Esporte é sobre o que você pode fazer, sobre o que você pode alcançar. O esporte se recusa a ter ‘não’ como resposta e tudo isso será visto nos Jogos Paralímpicos. O entusiasmo aqui é extraordinário. Esse serão Jogos para serem lembrados. Preparem-se para ser inspirados pela Paralimpíada de 2012", disse o presidente do Comitê Organizador de Londres 2012 (Locog), Sebastian Coe

Na cerimônia em que os britânicos fugiram dos padrões, o público aplaudiu de pé quando o para-atleta Joe Towsend entrou "voando" no estádio com a tocha paralímpica. No fim, coube a Margaret Maughan, a primeira de medalhista paralímpica de ouro da história Grã-Bretanha, acender a pira dos Jogos.

Outra parte de destaque – e também a mais longa - da festa foi o desfile das delegações. O Afeganistão que, como cerca de outros 40 países, conta apenas com um atleta na Paralimpíada, iniciou a apresentação. O Brasil foi o 19.º a entrar na pista do Estádio Olímpico. Com 182 atletas (115 homens e 67 mulheres), o país tem a quarta maior equipe dos Jogos, atrás apenas dos anfitriões britânicos, da China e dos Estados Unidos. De paletós pretos e calças e saias verde ou amarelas, o grupo foi liderado pelo porta-bandeira, o nadador Daniel Dias.

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Todos mostraram muita empolgação, tanto que alguns atletas do país até levaram broncas de integrantes da organização por pararem e se aglomerarem em frente às câmeras. No total, foram pouco mais de 10 minutos até o conjunto verde-amarelo dar a volta completa e se acomodar no centro da festa, curiosamente, bem ao lado da equipe da Argentina.

Ao som de "Heroes", de David Bowie, e com uma chuva de papéis-picados, a dona da casa Grã-Bretanha fechou o desfile e levou o público ao delírio em um dos pontos altos da cerimônia. Irlanda, França, Canadá, Índia e Estados Unidos também foram bastante festejados.

Um detalhe curioso foi a presença de cães-guia, devidamente trajados, em algumas delegações como as da Bélgica e da Irlanda. Chamou a atenção também o assédio a Oscar Pistorius, grande estrela dos Jogos. Durante a recepção à África do Sul, um atleta do Iraque chegou a invadir a área de desfile para tirar uma foto com o corredor.

Ao fim de todas as fases, a cerimônia foi encerrada pouco depois da meia-noite (horário local), cerca de uma hora depois do previsto pela organização. Mais um quebra de protocolo em meio à festa em que os britânicos foram menos britânicos para receber a Paralimpíada de 2012.

*O jornalista viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro

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