Índices acessíveis e critérios superabrangentes como estar matriculado no ensino superior e ter de 17 a 28 anos são os pilares da democrática Universíade que começa hoje, na Turquia. Astros do esporte, medalhistas olímpicos, campeões mundiais e uma legião de anônimos disputarão uma das maiores competições do calendário esportivo em número de participantes. Um universo tão plural quanto o próprio meio acadêmico.
Entre CDFs, calouros, veteranos e formandos, os Jogos de 2005 reunirão cerca de 8 mil alunos-atletas transformando Izmir em uma verdadeira cidade universitária. A comparação dá a dimensão do evento. A Olimpíada 2004 levou 10.500 atletas a Atenas, os Jogos Pan-Americanos de Santos Domingo 2003 contaram com 4.500 competidores e o tradicional Mundial de Atletismo, simultaneamente realizado na Finlândia até sábado, tem 1.900 participantes.
Mas em nenhum dos torneios a diversidade é tão cultuada. Estudantes que nunca ultrapassaram a fronteira esportiva (e territorial) do Brasil vêem a Universíade como uma experiência de vida e até profissional.
"Nunca pensei em chegar tão longe. É incrível imaginar que vamos estar ao lado daqueles atletas que só víamos pela tevê", diz entusiasmada a paranaense Andressa Morito, 18 anos, convocada para a seleção brasileira de vôlei. Sua colega de equipe, Patrícia Colling, 22, reconhece que passou da fase de chegar a uma equipe nacional de ponta. Mas mantém o sonho de ser aprovada no vestibular da Universíade e ganhar a oportunidade de um contrato para estudar e jogar em países emergentes no vôlei, como a própria Turquia.
"A competição abre muitas portas porque vários agentes acompanham e oferecem contratos no exterior", garante o técnico da seleção brasileira, André Mattos.
No primeiro escalão do esporte não há tanto deslumbre e os objetivos são outros. Atletas de elite como as campeãs mundiais Natália Falavigna (tae kwon do) e Daiane dos Santos (ginástica) definem o evento estudantil como a oportunidade de agenda internacional, ou preparação para os grandes eventos da temporada.
"Nós temos dificuldades com calendário e uma chance dessa é importante para avaliarmos o nosso treinamento", afirma a paranaense Natália.
Daiane considera que mesmo disputado por universitários, o nível do torneio deve ser elevado. "Não é tão fácil como as pessoas imaginam. Vários atletas olímpicos vão estar lá e o esporte universitário é muito forte na Europa e em países como os Estados Unidos", completou a ginasta, que usará as provas como avaliação para o Mundial de Ginástica, em novembro, na Austrália.
Entre desconhecidos e badalados, a delegação nacional será de 144 desportistas, que embarcaram nesta semana para solo turco. O Brasil irá participar no basquete masculino, futebol feminino e masculino, vôlei feminino e masculino, atletismo, ginástica, luta olímpica, natação, saltos ornamentais, tae kwon do e tênis.
A reestruturação dos Jogos Universitários Brasileiro possibilitou ao país voltará aos esportes coletivos. Na última edição da Universíade (que ocorre a cada dois anos), em Daegu, na Coréia do Sul, o país disputou apenas modalidades individuais.
A melhor participação verde-amarela na competição foi o oitavo lugar no quadro de medalhas na única vez em que o torneio foi disputado no Brasil. A sede foi Porto Alegre, em 1963.
Entre os atletas que já subiram no pódio estão Róbson Caetano (ouro em Duisburg, 1989), Fernando Scherer e Gustavo Borges (ouro e prata Fukuoka, 1995), André Domingos (ouro em 1999, Palma de Mallorca) e Maurren Higa Maggi (ouro em Pequim, 2001).
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