![Acerto de contas Uma das 23 caveiras feitas de papel machê para divulgar o Pan, em Guadalajara. Chamadas de Catrinas e tradicionalmente usadas para representar a morte em festividades no México , as figuras fazem alusão a algumas modalidades esportivas | Roberto Escobar/ EFE](https://media.gazetadopovo.com.br/2011/10/dde072ad18304e7866305c9c9bd9f5e4-gpLarge.jpg)
Entrevista
Orlando Silva, ministro do Esporte.
O Pan marca o primeiro ciclo de quatro anos da Lei de Incentivo. Já será possível ver reflexos dos investimentos?
Fechamos uma primeira etapa importante. O efeito prático começa a aparecer. Chamaria atenção para o projeto da Petrobras. Este atende cinco modalidades. Com esse apoio, teremos no Pan a Fabiana [Beltrame, no remo] e o Everton [Lopes, no boxe] com resultados expressivos mundiais.
Não parece pouco...
São apenas sinais de como a Lei vai contribuir positivamente no Pan. Teremos em Guadalajara 198 atletas ligados a projetos aprovados pela Lei de Incentivo.
E são 145 atletas com o Bolsa Atleta. Mas muitos deles só ficaram sabendo na semana passada que têm o benefício.
Temos de ajustar alguns trâmites. Queremos que, a partir do ano que vem, a lista dos contemplados seja divulgada, no máximo, até março, com base no desempenho dos atletas até dezembro deste ano. A demora ocorre, em parte, pela burocracia legal.
Bolsa Atleta ajuda 28% do time brasileiro
Criada em 2005, a Bolsa Atleta é utilizada por 145 competidores brasileiros que estão no México, o equivalente a 28% da delegação. Porcentagem bastante superior à do Pan do Rio, de 13,2% (87 atletas).Entre os que recebem o benefício, a maioria é desconhecida do público. Ninguém, por exemplo, dos times de basquete, vôlei e futebol; tampouco os medalhistas do judô, atletismo, vela e natação.
Curiosamente, a única estrela entre os contemplados que competem em Guadalajara é o mesa-tenista Hugo Hoyama, recordista de medalhas de ouro em Pans (9) e porta-bandeira da delegação na cerimônia de abertura hoje, às 22 horas (de Brasília). Ele recebe R$ 2,5 mil mensais. Na canoagem, 13 dos 15 atletas têm o benefício. "É o salário que recebo", diz a cascavelense Bruna Chicato.
Quem compete em modalidades não olímpicas, disputadas apenas no evento continental, passou parte da preparação sem a verba, que varia de R$ 750 e R$ 2,5 mil mensais. Isso porque no início deste ano a presidente Dilma Rousseff sancionou uma lei que altera as condições de distribuição do Bolsa Atleta. Tudo centrado em Jogos Olímpicos.
Assim, limitou-se em 15% do total os benefícios para atletas de modalidades fora do programa olímpico. A definição de quem estaria nessa cota foi divulgada em duas listas: uma em agosto e a outra, na semana passada. A última incluiu 17 atletas do boliche, squash, patinação artística, caratê e rúgbi que brigarão por medalhas no México. Ao todo, são 3,5 mil contemplados, em um total investido de R$ 52 milhões. (AB)
A partir das 22 horas (horário de Brasília) quando o mesa-tenista Hugo Hoyama comanda a entrada da delegação brasileira no Estádio Omnilife, em Guadalajara põe-se em jogo a eficiência do investimento no esporte nacional nos últimos anos, especialmente entre as modalidades de pouco apelo.
O Pan-Americano do México, com abertura esta noite e encerramento dia 30, é a primeira competição na qual todos os projetos criados pelo governo terão completado ao menos um ciclo esportivo padronizado em quatro anos.
Desde que a União, a partir de 2000 (após o fracasso na Olimpíada de Sydney), assumiu a responsabilidade de alavancar o desporto, houve um robusto aporte financeiro.
Apenas no ano passado foi destinado ao esporte R$ 1,7 bilhão em verbas públicas entre patrocínios de estatais e repasses para projetos e orçamento do Ministério do Esporte. Grande parte desse bolo foi destinada às atividades menos populares e também às práticas individuais, com mais medalhas em disputa.
Ainda assim os reflexos no desempenho dos brasileiros no México devem ser discretos, falando-se em número de medalhas. Não há nem sequer a promessa de subir um degrau em relação ao resultado do Pan do Rio, em 2007, quando o país ficou em terceiro.
Mesmo com a maior delegação competindo fora do seu território (516 atletas) e com os principais atletas em ação, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) destaca que dificilmente o Brasil superará as 157 medalhas conquistadas no Rio.
Também não arrisca afirmar que o conjunto pode desbancar Cuba, segundo melhor país no quadro de medalhas em 2007 atrás apenas dos Estados Unidos.
O que se pode esperar a contar pela verba injetada em 40 modalidades é, ao menos, indícios de que o apoio está sendo bem aplicado a longo prazo.
Pela Lei de Incentivo, o alto rendimento captou R$ 296,9 milhões nos últimos quatro anos. O valor corresponde a 69,3% do total repassado para projetos aprovados pelo Ministério do Esporte. Os outros 30,7% são divididos entre propostas de atividades esportivas educacionais ou de mera prática esportiva.
A possibilidade de destinar até 2% do que seria pago em imposto de renda a esses projetos começa a convencer empresas a apoiar projetos das ditas modalidades "nanicas".
O exemplo mais significativo é o da Petrobras, que deixou de patrocinar o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para apoiar cinco esportes que acredita poderem aumentar o número de pódios: esgrima, levantamento de peso, boxe, tae kwon do e remo. Até 2016, promete-se, a multinacional investirá R$ 20 milhões nesses contemplados.
Já a Confederação de Desportos Aquáticos usa a Lei de Incentivo para turbinar o desempenho das equipes de polo aquático. Uma das propostas permitiu à entidade contratar o técnico croata Goran Sablic para comandar a seleção. Os atletas do polo estão entre os que mais se utilizam de outra mão dada pelo estado: o Bolsa Atleta. No Pan, são 18 entre os 26 convocados.
Ao vivo
Abertura do Pan 2011, às 22 horas, na Record.
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