Delegacia do futebol
O promotor Thales Cezar de Oliveira, coordenador do Plano de Atuação Integrada (PAI) do futebol, identificou a necessidade de mudança do organograma da Polícia Civil para combater os crimes praticados por membros de torcidas organizadas. "No início do ano passado sugeri à Secretaria de Segurança Pública a criação da Delegacia Especial de Eventos Futebolísticos. Teríamos autonomia e pessoal com alto grau de especialização", explicou. Segundo Oliveira, a Secretaria de Segurança Pública viu "com simpatia" a ideia.
A Polícia Civil iniciou uma ofensiva contra as facções Mancha Alviverde e Gaviões da Fiel, cujo conflito armado no domingo resultou na morte de um palmeirense. Outro torcedor do clube teve confirmada ontem morte encefálica.
As ações paliativas se resumem à apreensão de documentos, computadores e dinheiro e a seis prisões de torcedores, cinco do Palmeiras. A Gaviões diz que o corintiano dessa lista, preso com maconha, prestava serviço mas não é ligado ao grupo. Há mais mandados expedidos para novas prisões, mas a polícia diz que muitos já deixaram o estado de São Paulo.
No entanto, quando questionada sobre ações definitivas para impedir novos atos de violência, a Polícia Civil adotou discurso parecido com o que o poder público tem ensaiado recentemente. "Estamos conversando com Federação Paulista, Polícia Militar e Ministério Público. Traremos alguma coisa nova que nos permita esse controle", disse o delegado Jorge Carrasco, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
A polícia informou ainda que a briga que teve como vítimas André Alves Lezo, 21 anos, e Guilherme Vinícius Jovanelli Moreira, 19, cuja morte cerebral foi confirmada ontem, foi combinada pela internet e seria uma retaliação pela morte de um corintiano em 2011. Também declarou que a Mancha Alviverde sabia da emboscada e do risco iminente de conflito naquele local, mas não pediu escolta. Novas confusões teriam sido marcadas, também pela internet. "Eles [Mancha] sabiam que havia risco. Não há mocinhos", disse Margarette Barreto, responsável pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, que investiga o caso.
A polícia informou que manterá presos os cinco torcedores por 30 dias. "O objetivo [das prisões] é evitar novos confrontos, que estão sendo tratados na internet", disse Carrasco.
Até agora nenhuma arma foi apreendida. A polícia se baseia apenas nas poucas imagens do tumulto e testemunhos. A locação de um galpão próximo ao local do crime por corintianos também está sendo investigada.
Entre os presos está Tiago Alves Lezo, irmão de uma das vítimas e de Lucas Lezo, vice-presidente da Mancha. Alguns, segundo a polícia, têm passagem por briga de torcida. "Estamos preparando um trabalho para a identificação de ambas as torcidas", disse Carrasco, citando o cadastramento de torcedores, que já começou inúmeras vezes, mas jamais foi concluído. "Vamos poder acompanhar as torcidas em tempo real."
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