
Entenda o caso
Saiba como se deu passo a passo a cisão no futebol nacional:
O início
O racha começou na verdade em abril do ano passado, na eleição do Clube dos 13. A CBF resolveu lançar Kléber Leite, ex-presidente do Flamengo, para bater chapa com Fábio Koff, que se reelegeu com o apoio de 12 dos 20 clubes participantes. O Atlético votou em Koff Marcos Malucelli, presidente rubro-negro, é um dos vices. O Coritiba ficou do lado da oposição Vilson Ribeiro de Andrade compunha a chapa de Leite.
O fator Flamengo
O Rubro-Negro carioca entrou em rota de colisão com o C13 no fim do ano passado, logo após a CBF ter unificado os títulos nacionais, homologando a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, organizados antes de 1971. O Flamengo esperava que o C13 batesse o pé em relação à Copa União, disputada em 87 e vencida pelo clube, mas que não foi oficializada. Antes opositor, o Fla se reaproximou da CBF nesta semana, com o reconhecimento do torneio por parte da entidade.
O fator CBF
A CBF agiu nos bastidores. A entidade já tinha o Corinthians. Ganhou o Flamengo com o reconhecimento do título de 87. O Rubro-Negro levou consigo as três equipes cariocas. O Coritiba, no fim da noite, se alinhou ao grupo, que deve ter novas adesões hoje.
O fator tevê
A CBF é favorável à manutenção da Rede Globo como detentora dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro (de 2012 a 2014). A emissora carioca, por sua vez, já deixou claro que não irá participar da concorrência pública, promovida pelo C13, com Record e RedeTV! por considerar injusto o pregão. Pretende, sim, fazer uma proposta aos dissidentes, que devem oficializar a criação de uma liga.
E o Brasileiro 2011?
O campeonato nacional deste ano não muda: será transmitido por Globo, Band e SporTV. Para o ano que vem, os dissidentes acenam criar uma liga, com novas regras.
Bastidores
Ruptura teve acusações e xingamentos
São Paulo - O dia da ruptura no futebol brasileiro teve troca de ofensas, xingamentos e acusações de todo tipo. As mais pesadas partiram de Andrés Sanchez em direção a Ataíde Gil Guerreiro, diretor-executivo do Clube dos 13, que rebateu em seguida.
Em carta, Andrés acusou Guerreiro de trabalhar de "forma irresponsável" ao formatar o edital da próxima concorrência pelos contratos de TV. "Andrés age como advogado da Globo", respondeu o cartola do C13. Ao ler a carta enviada pelo dirigente corintiano, o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, disse que se tratava de "um documento moleque". Andrés acusou o Clube dos 13 de ter uma dívida trabalhista de R$ 5 milhões. Disse ainda que a entidade era uma caixa-preta. A interlocutores reclamou do alto salário de Guerreiro. E disse que a entidade "precisa acabar".
Também houve dardos do C13 contra dirigentes do Botafogo. "Ontem [terça-feira] à noite o Sergio Landau [diretor-executivo do Alvinegro] esteve aqui, aplaudiu o nosso edital, assinou documentos. Hoje [ontem], o Maurício Assumpção [presidente] assina essa carta com os outros clubes. É uma covardia", disparou Fábio Koff.
Juvenal Juvêncio preferiu detonar o projeto do estádio corintiano, a ser erguido em Itaquera para a Copa do Mundo de 2014. E também atacou a CBF. "Eles fazem essa politicagem de sempre. Prefiro manter distância", disse o presidente são-paulino.
Folhapress
Em uma nota de menos de sete linhas, divulgada no fim da tarde de ontem, o Coritiba confirmou que encampou o movimento de esvaziamento do Clube dos 13, a entidade que até então congregava os 20 principais times do país.
Após o Corinthians anunciar seu desligamento do C13, o Coritiba se uniu a Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco na turma dos dissidentes, formando uma espécie de poder paralelo dentro do futebol brasileiro com a anuência e a participação direta da CBF nas negociações.
Grêmio, Goiás e Vitória seguem, de forma não oficial, o mesmo rumo. Cruzeiro, Santos e Palmeiras estão na iminência de optar por decisão semelhante.
Por trás do racha, que faz o C13 correr sério risco de extinção, as tratativas pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro a partir de 2012.
A Gazeta do Povo entrou em contato ontem com o presidente alviverde Jair Cirino, autor do texto que fala, entre outras coisas, em "preservar, em primeiro plano, os legítimos interesses do clube e do futebol paranaense". Cirino procurou manter um tom conciliatório. Disse que o Coritiba, seguindo o exemplo das quatro equipes do Rio de Janeiro, pretende "apenas negociar com a televisão um contrato mais vantajoso para o clube".
"Não queremos sair, não é essa a ideia. Podemos até voltar atrás na decisão [de negociar paralelamente] se o Clube dos 13 acatar as nossas reivindicações", ressaltou ele, esquecendo que o estatuto da entidade proíbe terminantemente esse tipo de artimanha.
Um dos responsáveis por gerir o futebol coxa, Ernesto Pedroso é mais contundente. Para ele, não existe meio-termo. "Foi um consenso dentro do Coritiba. Chegou o momento de definição e a tendência política é mesmo de saída", revelou. Vilson Ribeiro de Andrade, o principal dirigente alviverde, não atendeu a reportagem.
Influenciados por Ricardo Teixeira, presidente da CBF, o grupo deve iniciar conversações com a Rede Globo. A emissora carioca, impulsionada pela desistência de parte dos times mais populares do Brasil, avisou ontem que não pretende encaminhar nenhuma proposta ao C13, desistindo da concorrência que conta ainda com a RedeTV! e a Record entre as tevês abertas a formação de uma nova liga ganhou força nos bastidores.
O Atlético, contudo, preferiu se manter do outro lado da briga assim como São Paulo, Internacional, Atlético-MG, Bahia, Portuguesa, Sport e Guarani. Estes seguem apoiando irrestritamente o C13. Marcos Malucelli, mais importante dirigente rubro-negro, é também um dos vices da entidade.
"Não é bom para a unidade do Clube dos 13, mas não é por isso que a organização vai acabar. É uma perda considerável, mas o trabalho segue normalmente sem o Corinthians [único a se desligar oficialmente]", disse o dirigente, ontem à tarde, logo após ter participado de uma reunião de emergência, no escritório do C13, no Jardim Paulista, em São Paulo.
Além de Fábio Koff, presidente do grupo, representantes de São Paulo e Inter compuseram a mesa. "A expectativa é conseguir algo em torno R$ 500 milhões", emendou ele, avisando que a tendência é de que a verba destinada ao Furacão passe dos atuais R$ 12 milhões para R$ 25 milhões por temporada caso o C13 saia vitorioso do leilão.
* * * *
Interatividade:
O Coritiba agiu certo ao seguir o caminho dos times cariocas e se desvencilhar do Clube dos 13?
Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br
As cartas selecionadas serão publicadas na Gazeta Esportiva.
O minério brasileiro que atraiu investimentos dos chineses e de Elon Musk
Desmonte da Lava Jato no STF favorece anulação de denúncia contra Bolsonaro
Fugiu da aula? Ao contrário do que disse Moraes, Brasil não foi colônia até 1822
Sem tempo e sem popularidade, governo Lula foca em ações visando as eleições de 2026
Deixe sua opinião