Helsinque, Finlândia (AE) – Jadel Gregório parece estar de bem com a vida, com sorriso no rosto, e muito confiante. Ontem, o brasileiro deu só o primeiro dos três saltos permitidos na prova de qualificação do salto triplo, fez 17,20 m, passou à final, e deixou a pista do Estádio Olímpico de Helsinque, Finlândia. Volta hoje, às 14 horas (de Brasília), para a disputa das medalhas do Mundial de Atletismo.

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Jadel, 24 anos, 2,02 m e 100 quilos, saltará exatamente no mesmo local em que Adhemar Ferreira da Silva ganhou a primeira medalha de ouro olímpica para o atletismo, nos Jogos de 1952. No mesmo estádio e na mesma pista de saltos. Jadel é candidato a ganhar o primeiro ouro em Mundiais do atletismo brasileiro (o país tem quatro pratas e quatro bronzes).

O clima do verão finlandês, aliás, tem sido protagonista desse Mundial de Atletismo. A qualificação da prova do paranaense, adiada terça-feira por causa de uma tempestade, ontem teve frio e muito vento.

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Jadel negociou com o vento e fez um salto estratégico. "Estava de olho na ventoinha. É preciso tomar cuidado para não pegar vento contra. Pus a marca um pouco para trás e esperei o vento a favor", explicou Jadel, que teve vento de 1,8 m/s (cada atleta tem um minuto para dar o salto).

Jadel, vice-campeão indoor e finalista olímpico, foi o único dos 15 saltadores do Grupo B, a qualificar-se com mais de 17 metros. Pela regra, os que saltassem acima de 17 metros ou os 12 melhores iriam à final. Os outros três qualificados da chave foram por colocação, com marcas abaixo dos 17 m.

Mais oito saltadores saíram do Grupo A, três fizeram mais de 17 m, o cubano Yoandri Betanzos (17,40 m, mas com um vento de 4.2 m/s a favor), o bahamenho Leevan Sands (17,21 m) e o americano Walter Davis (17,08 m). O romeno Marian Oprea, dono da melhor marca do ano (17,81 m), medalha de prata na Olimpíada de Atenas (2004), e um dos favoritos, saltou 16,81 m para ir à final entre os 12 melhores.

"Tinha de sair esse salto. Não foi um salto com muita força, mas para qualificação. O pessoal saltou o que se esperava", afirmou.Evitou colocar-se entre os favoritos às medalhas e também não quis falar de marcas. "Minha expectativa é saltar bem", ressaltou. Para o ouro? "Quem sabe?", respondeu. Disse que ficou ansioso com a mudança da qualificação de um dia para o outro e não dormiu bem. "Estava elétrico, não consegui relaxar. Acho que vou continuar tenso, pensando na prova."

De cavanhaque e com uma touca vermelha estilizada, que lembra um turbante, disse que era apenas para proteger a cabeça do frio sem vínculo com a religião muçulmana que adotou ao casar com a fisioterapeuta Samra (26/3), de origem libanesa e família mulçumana sunita.

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Ainda não mudou os documentos – "acho que só no fim da temporada", observou –, mas autoriza as pessoas a chamá-lo pelo novo nome: Jade Abdul Ghani Gregório. "Já podem me chamar de Jade. Afinal, esse vai ser o meu nome." A touca? Tem vermelha, preta, bege... "Acho que vermelho é força e poder mas não pensei na cor, vim apenas para me qualificar."