Os ingressos para a final do torneio masculino de vôlei nos Jogos Pan-americanos esgotaram rapidamente depois que a venda começou pela internet, no dia 27 de abril. No entanto, ainda é possível garantir presença para assistir a uma provável decisão com a seleção masculina em quadra. Uma agência de turismo na Barra da Tijuca, a apenas 150m do Comitê Olímpico Brasileiro, está vendendo bilhetes não apenas para o vôlei, mas tem disponíveis entradas para outros esportes, tudo sempre muito acima dos preços oficiais: para a disputa do ouro no vôlei, a reportagem comprou a R$ 200 um ingresso que vale R$ 30: o do setor C do Maracanãzinho.
No site do Comitê Organizador dos Jogos Pan-americanos, o ingresso mais caro para essa partida, no dia 28 de julho, é o do Setor A, que custa R$ 120. A agência vende ingressos para o mesmo lugar a R$ 400. E apesar de pagar muito mais caro, o torcedor não sai do local com o ingresso, mas sim com um recibo preenchido à mão e que não dá garantia alguma de o ingresso ser numerado. No festival de irregularidades, a única semelhança com a venda oficial das entradas é a entrega posterior ao pagamento. Afinal, apesar da promessa de que é possível conseguir, com facilidade, qualquer ingresso, não haveria modo legal de entregá-lo antes do Comitê Organizador.
Ao ser perguntada sobre a possibilidade de comprar dez cadeiras para a final do vôlei masculino, a vendedora respondeu que precisaria entrar em contato com a agência responsável. Logo depois, disse que havia 17 lugares disponíveis, e que a negociação poderia ser feita apenas em dinheiro. Ela, no entanto, não quis revelar o nome da empresa de turismo que controla a venda não oficial de ingressos. Até mesmo ingressos de meia-entrada, para estudantes, podem ser comprados, mas a vendedora orienta o comprador a se identificar na bilheteria do evento, onde deve mostrar o documento da instituição de ensino que comprove a condição de beneficiário do desconto.
A funcionária ainda disse que algumas pessoas têm comprado bilhetes na loja com a intenção de revender e contou a história de um cliente que adquiriu entradas para o torneio de tênis e pretende repassá-las no período dos jogos a um preço mais alto. Procurado pelo GloboEsporte.com, o CO-Rio informou que não tem conhecimento das atividades da agência da turismo, que vem funcionando como revendedor não-autorizado. O Comitê vai analisar o caso e tomará providências se forem constatadas as irregularidades.
A agência de turismo pode ser indiciada na Lei nº 1.521, de 26 de dezembro de 1951: "Crimes contra a economia popular, elenca como crimes dessa natureza, em seu art. 2º, inciso VI: transgredir tabelas oficiais de gêneros e mercadorias ou de serviços essenciais, bem como expor à venda ou oferecer ao público ou vender tais gêneros, mercadorias ou serviços, por preço superior ao tabelado, assim como não manter fixadas, em lugar visível e de fácil leitura."