O sorteio dos grupos para a Copa de 2006 generalizou o clima de Mundial que já se sentia no país-sede. Com a tabela em mãos, os torcedores podem exercitar os neurônios nos tradicionais palpites sobre as chances de cada seleção. Apontar possíveis azarões e prever duelos nas fases finais. Antes de as bolinhas decidirem os rivais na edição que promete ser a mais lucrativa do torneio, somente a Alemanha respirava a competição.

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Preocupada em apresentar uma organização impecável, a Alemanha investiu pesado. Reformou estádios históricos, construiu novas instalações e planejou cuidadosamente detalhes como transporte coletivo e segurança. E o trabalho será mais difícil do que eles imaginavam. Atos de violência e pequenos problemas na estrutura de três estádios preocuparam o comitê alemão e até mesmo a Fifa nas últimas semanas.

Uma rachadura na tribuna do Fritz-Walter – onde as restaurações terminaram há um mês – culminou com o adiamento do jogo do Kaiserslautern contra o Frankfurt, pela Bundesliga. O episódio da semana passada foi o terceiro deste tipo no país. Em Nuremberg, o mesmo problema foi detectado. Também detectou-se uma oscilação maior do que a esperada nas tribunas. Já em Frankfurt, o teto retrátil do Waldstadion é que apresentou defeito, não suportando chuvas mais fortes. Os rombos na proteção haviam aparecido pela primeira vez na final da Copa das Confederações, entre Brasil e Argentina. Encharcado, o gramado ficou liso, assim como as escadas que dão acesso às arquibancadas.

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Segundo os organizadores, apesar dos incidentes não há a possibilidade de jogos terem seus locais alterados. No caso do estádio de Nuremberg, a solução será a instalação de amortecedores de impacto ao estilo dos que existem no Morumbi. Ainda não se sabe, porém, como resolver a falha do teto de Frankfurt. "É um problema mais complicado, muito técnico", comentou Horst Schmidt, vice-presidente do Comitê Organizador do Mundial.

Outra situação que vem tirando o sono dos eficientes alemães é o risco de atos de vandalismo e violência entre torcedores. Em duas partidas do Campeonato Alemão na rodada do fim de semana passado, objetos foram lançados no campo, atingindo atletas. Na Copa das Confederações, invasões de campo "amigáveis" marcaram os jogos do Brasil. A maior preocupação é com os chamados hooligans ingleses. Alemães e holandeses também estão na lista de risco dos organizadores pelo histórico de brutalidade. "Não devemos entrar em pânico", declarou Wolfgang Niersbach, vice-presidente de comunicação do Comitê Organizador da Copa do Mundo.

Pelo menos para a Fifa, o Mundial começou bem. Pelas contas da entidade, a competição vai gerar R$ 4,5 bilhões. Destes, 70% são referentes a direitos de televisão e o restante vem dos patrocinadores.O lucro da Federação Internacional é estimado em cerca de R$ 291 milhões. Um recorde que não deve ser batido em 2010 na África do Sul. Mesmo na expectativa de arrecadar mais para a próxima edição, a Fifa sabe que gastará mais para ajudar o país a dar conta da estrutura e estádios necessários.