Mesmo quem tem mais de 30 anos precisou de um esforço mental para resgatar a lembrança de Alex Alves, atacante morto na quarta-feira, aos 37 anos, vítima de rara doença sanguínea. O esquecimento que marcou a morte do jogador não condiz com a badalação que marcou parte da sua carreira. Em 1993, Alex "Capoeira" Alves era um dos mais promissores atacantes brasileiros com menos de 23 anos. Ao lado dele estavam Edmundo, Ronaldo e Dener.

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Alex Alves fez muitos gols, ganhou muito dinheiro, namorou as mais lindas marias-chuteiras (casou com uma, Nádia França, nos anos 90 conhecida como Ronaldinha, graças a um romance com o ainda futuro Fenômeno), vestiu camisas pesadas, ganhou títulos, partiu para a Europa fazer o sonhado pé de meia. Na Alemanha, sempre com roupas da moda e detalhados cuidados estéticos, virou metrossexual, quando ainda nem se conhecia o termo no Brasil.

Também arrumou confusões com técnicos e jogadores, fez contratos ruins, desperdiçou chances únicas na carreira, faltou treino, descuidou da condição física. Já depois de pendurar as chuteiras, com a doença tardiamente detectada, apareceu no noticiário com profundas dificuldades financeiras. A fortuna feita nos gramados havia virado pó.

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Nenhuma lista de maiores jogadores da história do futebol brasileiro levará o nome de Alex Alves. A lembrança da sua carreira se perderá com o tempo. Sua história, porém, deveria ser contada, junto com tantas outras similares, insistentemente, a cada garoto que começa a chamar atenção na bola.

Ver um talento em potencial transformar-se em foguete molhado é circunstancial, faz parte do jogo. Assistir passivamente a morte de um ex-jogador de 37 anos, na miséria, deveria envergonhar a qualquer um.

Sem segredo

O Atlético fará, amanhã, seu terceiro confronto direto fora de casa nas rodadas finais desta Série B. Há dois pontos favoráveis ao Furacão. O primeiro é que o time acostumou-se a dar boa resposta quando joga com a faca no pescoço.

Além disso, o Tigre teve três jogadores fundamentais na sua campanha: Kléber, Lucca e Zé Carlos. Kléber, o cérebro que faz o time funcionar; Lucca, a genialidade capaz de surpreender o inimigo; Zé Carlos, a força bruta que empurra a bola para o gol. O cérebro e o gênio estão machucados. A reposição do primeiro é feita por Giovanni Augusto, um meia revelado no Galo que entrega menos do que prometia. A do segundo é feita por Lins, muita correria e pouco raciocínio.

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Os desfalques já reduzem naturalmente a força bruta de Zé Carlos. Com Giovanni Augusto vigiado e atenção ao apoio dos laterais catarinenses, o Atlético encaminha a vitória. Um percurso que será concluído com a fórmula de sempre: a organização de João Paulo, a movimentação de Elias, as arrancadas de Botelho, a luz de Marcelo e uma pitada de Paulo Baier, que deveria ficar numa cúpula de vidro com o aviso "quebre em caso de emergência".

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