A luta pela pole position, hoje, no Circuito da Catalunha, tende a ser uma competição restrita aos dois pilotos da equipe Red Bull, o alemão Sebastian Vettel e o australiano Mark Webber. Além de terem conquistado as quatro poles deste ano, eles se mostraram muito mais rápidos que os adversários nos primeiros treinos livres do GP da Espanha de Fórmula 1, ontem, em Barcelona. Mas, se depender de interesse e do apoio da torcida, o espanhol Fernando Alonso, da Ferrari, será o primeiro colocado no grid e também na corrida de amanhã.
"Fernando mora nos nossos corações", disse, emocionada, a estudante Consuelo Colares, ontem, na pista em Barcelona. Não importa que o desafio do piloto espanhol da Ferrari seja dos mais difíceis, como ele mesmo comentou depois de ver Vettel ser o mais rápido dos treinos livres.
Para grande parte dos espanhóis, existe só um piloto na Fórmula 1: Alonso. Essa empatia é tão grande que não pode ser comparada com a paixão por outros ídolos do esporte na Espanha, a exemplo do brilhante Rafael Nadal, um dos maiores tenistas da história.
"Todos se encantam com as conquistas de Nadal, mas Alonso comove a nação, de crianças a pessoas mais idosas. Ele criou o hábito de a Espanha acordar para assistir às corridas de Fórmula 1", explica Antonio Lobato, repórter da TV La Sexta, dona dos direitos de transmissão da categoria na Espanha, citando uma semelhança grande com o que fazia Ayrton Senna no Brasil. "Essa é a diferença entre Alonso e Nadal. Alonso foi exposto ao país como um jovem, sem recursos, que cresceu, graças a sua capacidade e determinação, e venceu", comenta o empresário Fermin Galeno.
A identificação de parte importante da nação com esse asturiano de 28 anos é enorme. Alonso nunca escondeu não dispor de dinheiro para dar sequência à carreira de piloto. "Meu pai dirigia da Espanha para a Itália, eu competia de kart no fim de semana, e voltávamos para a Espanha, 15, 20 horas de carro", lembra o piloto. E foi sua equipe que, por vezes, bancou as despesas da viagem por sua família não dispor de meios.
Todos esses ingredientes, cheios de apelos emocionais, somados à eficiência técnica de Alonso, que já foi campeão mundial duas vezes (2005 e 2006), o transformaram num herói nacional. "O interesse pelo automobilismo ultrapassou vários esportes que antes tinham mais fãs, como o motociclismo, basquete, tênis, golfe. Tudo por causa de Alonso", conta Josep Viaplana, repórter do diário espanhol Sport, que presenciou essa transformação o futebol, porém, continua em primeiro na preferência.
"A ambição de Alonso, sua vontade de vencer é algo que contamina os espanhóis", destaca a empresária do ramo hoteleiro Emilia Villuela. "Alonso é um fenômeno social", define Antonio Lobato.
A nação de Alonso é rica em esportistas de enorme sucesso mundial, no presente e no passado, como o golfista Severiano Ballesteros, o tenista Manuel Santana, o piloto de rali Carlos Saenz, o piloto de motos Angiel Nieto, dentre outros. "A penetração da mídia, hoje, ajuda, claro, mas nunca um esportista foi tão popular como Alonso", afirma Emilia Viaplana.
Os números de audiência de TV das provas de Fórmula 1 estão a favor do piloto da Ferrari, que neste sábado, a partir das 9 horas (horário de Brasília), poderá levar os cerca de 50 mil torcedores presentes no Circuito da Catalunha à loucura se conquistar a pole position. Se ganhar o GP da Espanha, no domingo, então... "Quando ele vence é como se cada um de nós também vencesse", diz o torcedor Esteban Bonifaco, presente todos os dias no autódromo de Barcelona.
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