O ex-árbitro Amoreti Carlos da Cruz – o Bruxo, segundo Onaireves Moura, presidente da Federação Paranaense de Futebol – se emocionou durante depoimento, ontem, no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-PR). Garantiu ser vítima de uma armação, disse estar sofrendo ameaças e quase chorou ao falar do impacto das denúncias na vida pessoal.

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Acompanhado de dois advogados e de um segurança particular, ele falou durante duas horas no TJD. No ápice do testemunho, revelou que recebeu na quarta-feira dois telefonemas anônimos – em tom de intimidação. "Por isso chamei um amigo para me acompanhar. Queria escolta policial", explicou.

"Perguntaram para mim: ‘Qual é o seu preço para assumir toda essa bronca?’ Desliguei na hora", abriu. A advertência chegou rapidamente. "Cinco minutos depois, a mesma pessoa ligou e disse: ‘Já que você não tem preço, cuide-se daqui para frente. Veja o que vai dizer ou fazer.’ Fiquei horrorizado", completou.

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Na seqüência da audiência, o presidente do Sindicato dos Árbitros voltou o alvo para o cartola que o envolveu. "Uma pessoa aqui de dentro da Federação entrou em contato comigo dizendo que estavam fazendo uma confusão para me incriminar. Chamariam o Sílvio Gubert (diretor do Operário que confessou pagar propina aos juízes) para confirmar meu nome como Bruxo", atacou.

Ao saber das declarações de Moura no TJD (na terça-feira), Amoreti retornou o contato com seu amigo secreto. "O que o senhor falou realmente aconteceu. Mas o esquema sai da boca do Moura. De imediato, ele ficou surpreso." O auditor Paulo Gradela exigiu a revelação da fonte e ofereceu cinco minutos de intervalo à sessão. "Não posso falar", resumiu, após conversa reservada com os seus advogados.

O mais marcante estava por vir. Absolvido na primeira investigação sobre possível fraude no apito, o agora comerciante de 52 anos contou que o mar de lama já respinga na sua família. Chegou a embargar a voz ao lembrar do drama na vida particular.

"Meu filho mais velho foi demitido de uma empresa de transporte bancário após o seu Evandro Rogério Roman (árbitro da CBF) me citar como chefe dessa máfia. Minha menina mais nova, de 11 anos, comentou outro dia que os amiguinhos dela falavam que eu poderia ser preso... Estou prestes a perder a cabeça", lamentou, segurando as lágrimas.

"Se eu for realmente culpado, me algemem agora. Por favor. Não agüento mais isso. Chega! Tenho uma lanchonete e meus clientes me convidam para participar de um bolão. Não posso. Se eu acertar, vão dizer que manipulei o resultado. Caso um catador de papel entre aqui e grite agora ‘o Amoreti disse que o Real Madrid vai ganhar de 1 a 0’, estou morto se esse resultado acontecer. Vamos parar com isso..." Na segunda-feira, o TJD espera ouvir Antônio Mikulis, ex-presidente do Operário.

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