Liz Willock acredita que perdeu seu voo para a Filadélfia por uma razão. Se ela não tivesse saído de Chicago em um voo que decolou mais tarde, ela provavelmente não teria sido conduzida no traslado do aeroporto para o hotel pelo motorista de Uber, Ellis Hill.
E, se eles não tivessem se conhecido, Hill provavelmente não estaria se preparando para viajar para o Rio de Janeiro para assistir seu filho competir no arremesso de peso na Olimpíada.
Quando Willock acomodou-se no banco de trás do carro para a longa viagem passando pela segurança e trânsito da Convenção Democrata Nacional na semana passada, ela iniciou uma conversa com Hill. Eles conversaram primeiramente sobre a decisão dele de dirigir para o Uber e sobre o trabalho que a trouxe para a Filadélfia.
Mas logo o diálogo mudou para o mundo esportivo e Willock compartilhou conhecer alguém que está competindo na Olimpíada. Hill tinha uma história melhor. O seu próprio filho também está.
Ela lhe perguntou se viria para o Rio. Ele respondeu que adoraria, mas simplesmente não tinha dinheiro o suficiente. Então ela lhe ofereceu o seguinte: se ela encontrasse uma maneira de enviá-lo para o Rio? “Foi algo que me deixou triste porque qualquer pai amoroso gostaria de ver o próprio filho competindo nos Jogos”, disse Willock, na sexta-feira (5).
Ela iniciou uma campanha de crowdfunding para Hill — estratégia que tem sido muito utilizada por uma série de atletas olímpicos que necessitam de dinheiro para bancar seus treinamentos ou para financiar as viagens de suas famílias para o Rio. O filho dele, Darrell Hill, compartilhou a campanha nas redes sociais e dentro de dois dias eles ultrapassaram a meta de 7,5 mil dólares estabelecida por ela para voos, hotel, refeições outras despesas de viagem.
Mas neste momento surgiu um empecilho: Hill nunca tivera um passaporte; ele nunca deixara o país, então Willock imediatamente iniciou o processo para que um fosse expedido. Willock não tem dúvidas de que tudo dará certo no final. “Teve muita mágica acontecendo durante este processo todo”, ela disse. “É realmente algo que deveria acontecer, eu acredito”, acrescentou.
Hill planeja embarcar para o Rio no dia 15 de agosto. Seu filho competirá na quinta-feira (18) e ele já garantiu suas entradas de pai para o evento. “Meu filho está em êxtase”, disse Hill.
O motorista disse que por causa das responsabilidades do trabalho e do dinheiro apertado ele nunca teve a chance de ser um desses pais que viajam para todos os lugares em que os filhos competem. Mas ele diz que conversa com o filho o tempo todo, encorajando-o em cada dificuldade pelo caminho.
“Eu vou dizer o seguinte, estou realmente animado pela viagem em si, e é uma viagem que eu nunca pensei que teria a chance de fazer”, disse Hill. “Da maneira como as coisas estão se encaixando, eu me sinto muito bem. Eu realmente acho que vou chegar lá”.
A maior parte das 150 pessoas que fizeram doações eram estranhos movidos pela história de Hill. E o Uber lhe deu mil dólares em corridas no Rio e um cartão de presentes para uma refeição na cidade. Hill vinha trabalhando como motorista do Uber há cerca de quatro semanas quando conheceu Willock. E conhecê-la reafirmou o que ele sempre acreditou ser verdadeiro sobre as pessoas.
“Pessoas são pessoas, então até que elas façam algo diferente, você espera o melhor delas”, ele disse. “É algo sensacional”, resume.
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