Americana sonha jogar na seleção brasileira

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Sem apoio nas divisões de base, o futebol feminino brasileiro pode ter no seu futuro uma atleta "made in USA". Na terra do "soccer", uma americana boa de bola pediu cidadania brasileira e sonha defender, um dia, a seleção feminina. Trata-se de Catherine Lynn Queiroz, chamada pelas amigas de Cassie, de apenas 15 anos, que mora em Greenville, uma cidade do estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos.

A admiração de Cassie pelo futebol verde-amarelo tem influência do pai brasileiro. Mas cresceu, e muito, ao começar a ver Marta jogar com a camisa da seleção. Ela é fã de carterinha da melhor jogadora do mundo. Na semana passada, Cassie era só sorriso ao receber um e-mail da brasileira, que joga no Umea, da Suécia.

- Ela respondeu o e-mail que havia mandado. Fiquei pulando de alegria. Estava dormindo e meu pai me acordou com a notícia. Imprimi o e-mail e coloquei perto da minha cama. Não acreditei. A Marta foi muito legal em me responder. Ela agradeceu pelo carinho e a admiração que tenho por ela.

Oito anos separam as duas, o que torna possível um sonho da americana. Cassie espera jogar na seleção brasileira ao lado da atual camisa 10.

- Vejo que há jogadoras com mais de 30 anos que ainda jogam na seleção brasileira. Por isso, tenho muita esperança de jogar com ela um dia. Até escrevi para Marta e disse que esse é o meu sonho. Não sei como é o processo para jogar na seleção, mas espero um dia ter uma chance de provar que tenho capacidade.

Formação na casa inimiga

Os Estados Unidos têm muito mais tradição e títulos do que o Brasil, o que torna a decisão de Cassie curiosa. Nos quatro mundiais organizados pela Fifa, as americanas conquistaram dois e ficaram em terceiro lugar nos outros dois. Já nas três edições do esporte nas Olimpíadas, eles ganharam dois ouros e uma prata. Pode-se dizer que os Estados Unidos são o "Brasil de saias" quando se trata de futebol feminino. Além disso, há uma rivalidade muito grande entre os dois países. A seleção não vence a equipe principal americana há nove anos. A vitória no Pan do Rio foi em cima de uma equipe universitária. Desde a primeira partida, em 1986, foram 23 encontros, com 18 vitórias dos EUA e apenas duas do Brasil.

- Muitas jogadoras sonham defender a seleção americana. Mas apesar de ter nascido aqui tenho uma paixão muito grande pelo futebol brasileiro. E acho que meu estilo se encaixa melhor no sistema de jogo do Brasil. Aqui o futebol é muito mais forca do que técnica.

Cassie chegou a morar um período no Brasil com a família quando era mais jovem. Brincava de futsal com os meninos da escola. Mas não teria futuro no esporte se permanecesse no país.

- No Brasil não tinha nenhum apoio. Aqui como meu pai diz, os campos do colégio são muitas vezes melhores que certos campos de equipes profissionais no Brasil. O meu clube tem uma estrutura maravilhosa. Temos oito campos para treinar e um só para jogos. Além disso, temos um apoio enorme da comunidade e vários torneios durante a temporada. São muitas oportunidades para praticar o esporte sem preconceito.

Cassie, que joga futebol desde os quatro anos, está na high school e joga na equipe do seu colégio. Treina durante o verão americano e disputa a temporada na primavera. Ela enfrenta outras equipes do estado da Carolina do Norte e se classificando disputa os playofs com as melhores equipes dos outros 49 estados americanos. Além disso, joga vários torneios durante o ano. Recentemente, Cassie foi a MVP (a jogadora mais valiosa) da Liga Hispana. Marcou 17 gols em oito jogos.

A atacante também faz parte do Greenville Star, que é uma espécie de seleção da região. Treina quatro dias por semana e joga no sábado ou domingo. Cassie também se orgulha de ter participado este ano do programa de desenvolvimento olímpico, que reúne as melhores jogadoras dos Estados Unidos por faixa etária. No total, 127 meninas participaram do projeto. Ela só saiu no último corte quando ficaram apenas 18.

Cassie está agora na espectativa de entrar para a Universidade. O último passo antes de ser profissional. Apesar de estar a dois anos de completar a high school, ela já pode assinar um contrato de compromisso e garantir uma bolsa de estudos. Graças a sua habilidade no futebol feminino.

- Quase todas as universidades aqui têm uma equipe de futebol feminina - diz Catherine explicando o processo natural até chegar à universidade.

- É quase igual ao da NBA e de outros esportes. Jogamos na high school e depois podemos jogar nas universidades. Estou apenas no segundo ano do High School, tenho um caminho longo a seguir, mas já fui procurada para jogar em uma equipe em Nova York quando completar 16 anos. Eu tenho algumas universidades em vista que posso fazer um teste quando eu estiver no meu ultimo ano do High School: University of North Carolina, BYU, Southern Virginia... Quero me formar em arquitetura, mas tenho interesse também em conseguir uma educação em psicologia ou medicina esportiva. Aqui se pode jogar na liga profissional e obter uma carreira ao mesmo tempo - diz.