Autoridades angolanas prenderam duas pessoas que, segundo afirmam, participaram de um ataque armado ao ônibus que levava a seleção de futebol de Togo que participaria da Copa Africana de Nações em Angola, matando dois membros da delegação.
O procurador angolano Antonio Nito disse em comunicado que as duas pessoas presas pertencem à Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC), um movimento separatista que há três décadas trava uma guerra com o governo angolano.
"Os dois elementos da FLEC foram capturados no local do incidente, a estrada de Massabi, que liga os dois países (Angola e Congo)", disse o procurador no comunicado, publicado no site na Internet da agência de notícias estatal Angop.
A FLEC, que luta pela independência de uma região geograficamente separada ao norte de Angola, assumiu a autoria do ataque de sexta-feira, que aconteceu logo após o ônibus de Togo ter cruzado a fronteira da República do Congo.
A delegação de Togo voltou para o país num voo fretado pelo governo no domingo junto com os corpos do assistente técnico e do assessor de imprensa.
O motorista angolano do ônibus também morreu, enquanto o goleiro togolês Kodjovi Obilale ficou gravemente ferido e segue internado num hospital de Johanesburgo.
O ministro dos Esportes e vários jogadores disseram que esperavam disputar o torneio como forma de homenagear os colegas que morreram.
Mas a Confederação Africana de Futebol (CAF) afirmou nesta segunda-feira que se Togo não entrar em campo para seu primeiro jogo em Cabinda será eliminado da competição.
"Não ouvimos nada oficialmente deles. Nunca nos avisaram oficialmente que não iriam jogar. Só estamos sabendo deles pela mídia", disse uma importante autoridade da CAF à Reuters nesta segunda-feira.
O ataque causou constrangimento para o governo angolano, que havia declarada a FLEC como morta e gastou 1 bilhão de dólares na preparação para a Copa Africana, vista pelo país como uma chance de mostrar sua recuperação após o fim em 2002 de décadas de guerra civil.
Especialistas afirmam que a FLEC é motivada por partidarismos e deve ter menos de 200 homens armados, a maior parte escondida no norte de Cabinda. Mas sua liderança, baseada na França, prometeu continuar com os ataques, e Angola reforçou a segurança.
Rodrigues Mingas, secretário-geral da FLEC, disse que o ataque teve como alvo as forças de segurança de Angola que escoltavam o ônibus, e não a delegação de Togo.
"Então foi puro azar que os tiros atingiram os jogadores. Não temos nada a ver com os togoleses e oferecemos nossas condolências às famílias africanas e ao governo de Togo. Nós estamos lutando pela libertação total de Cabinda", disse ele ao canal de televisão France 24.
Os jogadores de Togo disseram que o ônibus foi alvejado por 15 minutos ou mais, mas as contas são divergentes.
O técnico francês de Togo, Haubert Velud, disse ao jornal L'Equipe: "Fomos acertados dos dois lados do ônibus, a 10 metros de distância. Devemos nossas vidas aos nervos do motorista, que conseguiu continuar dirigindo por alguns metros até que o Exército interveio."
Mas o meio-campista Moustapha Salifou disse: "O motorista foi atingido de imediato e morreu na hora, então nós ficamos parados na estrada sem ter para onde ir."
A região de Cabinda é responsável por metade da produção de petróleo de Angola, que disputa com a Nigéria o posto de maior produtor de petróleo da África. No ano passado, a entidade norte-americana Human Rights Watch acusou Angola de prender ilegalmente e torturar suspeitos de fomentar o separatismo.
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