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O rebaixamento do Coritiba tem um grande símbolo. Tirado do rival Paraná (onde era ídolo) por R$ 280 mil, Renaldo seria a solução de um time que teimava em desperdiçar chances claras de gol. Mas ele afundou junto com o Coxa.

Logo que desembarcou no Alto da Glória, no começo de agosto, a estrutura da equipe vice-campeã paranaense já não era mais a mesma. Fernando, Miranda, Rafinha e Alexandre foram, um a um, tomando o rumo do exterior. Fora as lesões de Marquinhos, Flávio, Márcio Egídio e Capixaba.

Sem substitutos à altura, os gols e as vitórias rarearam. Para quem já foi artilheiro do Brasileirão em 1996 (com 16 gols, pelo Atlético-MG), balançar a rede apenas cinco vezes em 28 partidas (média de 0,17) incomoda. E Renaldo sabe disso.

"Realmente o ano não foi nada bom para mim", diz ele. Péssimo na verdade. Na eterna relação de amor e ódio existente no futebol, o camisa 9 conseguiu o feito de ser vaiado por um estádio inteiro. Na vitória do Paraná por 3 a 2 sobre o Coritiba (1/10), no Pinheirão, os tricolores não perdoaram a "troca de casaca". Já para os alviverdes, incomodados com a apatia da equipe, faltaram termos pejorativos para qualificá-lo.

Mas o atacante não desiste. Quer provar que o puro-sangue não virou pangaré. Próximo de completar 36 anos, o centroavante se espelha no exemplo de Romário, artilheiro do Brasileiro aos 39 anos. "É só entrar num time encaixado que tudo melhora. Gol eu ainda sei fazer", defende-se.

Enquanto curte as férias em Goiânia antes de se reapresentar no dia 3 de janeiro (tem contrato até dezembro de 2006 com o Coxa), o jogador conversou, por telefone, com exclusividade à Gazeta do Povo.

Gazeta do Povo – Que avaliação você faz do seu desempenho em 2005?Renaldo – É claro que eu não fui bem. Sei fazer uma auto-crítica. Fui contratado pelo Coritiba para fazer gols, mas infelizmente não fui bem. Antes de eu chegar, o time se caracterizava por criar muitas oportunidades de gol, mas faltava quem as concluísse. Já entrei num time diferente. Alguns jogadores foram negociados e outros se machucaram. Mas eu nunca fugi da minha responsabilidade e não vai ser agora que vou fugir. Tenho minha parcela de culpa no rebaixamento do time.

Já encontrou uma explicação para essa queda de rendimento, já que no Estadual, pelo Paraná, você marcou nove gols em nove jogos?Não sei explicar direito. Mas não é culpa da lesão não (Renaldo ficou muito tempo parado se recuperando de uma tendinite no calcanhar na época em que defendia o Tricolor). Quando cheguei ao Coritiba, eles fizeram um trabalho técnico e físico muito bom comigo. Não sentia mais dor estava muito bem fisicamente. Talvez seja fase. É só entrar num time encaixado que tudo melhora. Gol eu ainda sei fazer.

Perto de completar 36 anos, bem resolvido financeiramente, não pensa em encerrar a carreira?Ainda não. Tenho contrato com o Coritiba até o fim de 2006 e vou cumprir. Não quero sair por baixo do time. Fiz história nos outros dois clubes de Curitiba e tenho certeza de que ainda posso ajudar e muito o Coxa. Também quero ser reconhecido por eles. O Romário não foi artilheiro aos 39 anos? Só penso em fazer gols para que o Coritiba volte à Primeira Divisão.

Você fica mesmo no Coritiba em 2006? Já conversou com alguém da diretoria?Até agora ninguém me procurou. Mas como eu te disse: tenho contrato com o time até 2006 e vou me reapresentar normalmente no dia 3 de janeiro. Eu quero continuar.

Valeu a pena trocar o Paraná pelo Coritiba?Não me arrependo de nada na vida. Não tinha mais clima para eu permanecer no Paraná. O ambiente já não era mais o mesmo. O Coritiba apareceu no momento certo e resolvi aceitar a proposta.

Sempre que você era substituído principalmente nos jogos no Couto Pereira, saía vaiado de campo. Isso não te incomoda?Não dou bola para as vaias. Não tenho medo. Sempre respeitei todo mundo. Sei que a torcida sabe reconhecer que da minha parte nunca faltou luta, empenho e esforço. Também fui aplaudido nos momentos em que estava mal tecnicamente. Minha resposta tem que ser com gols.

O que o Coritiba fez de errado para ficar entre as quatro piores equipes do Campeonato Brasileiro?O elenco não era fraco, mas se desestruturou com a perda de peças importantes. Nós lutamos muito para não deixar o time cair, mas infelizmente não deu certo. São circunstâncias do futebol.

Que pedido você faria para o Papai Noel neste fim de ano?Graças a Deus, sou um cara realizado. Não preciso pedir nada para mim, em especial. Quero apenas que o Coritiba volte ao lugar que nunca deveria ter saído: a Primeira Divisão. Esse é o meu objetivo. Vou lutar muito para que no fim do ano que vem a nossa torcida esteja comemorando o acesso. Fui bem nos outros dois clubes da cidade e vou fazer história no Coxa também.

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