Uma união de forças foi criada nesta quarta-feira para atender às necessidades do controle de doping no Brasil. Em reunião em Brasília, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a criação de um "corredor especial" para a entrada de amostras biológicas no país, o que aumenta a agilidade com que o produto chega ao Ladetec, laborário credenciado pela Agência Mundial Antidoping (Wada), para que este possa realizar exames com diagnósticos precisos. Além do gerente geral de Portos, Aeroportos e Fronteiras da Anvisa, Paulo Biancardi Coury, também estavam presentes no encontro a gerente geral de inspeção, Marília Cunha, o coordenador do Ladetec, Francisco Radler, e o diretor da Secretaria Nacional do Esporte de Alto Rendimento, Marco Aurélio Klein.

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"Do ponto de vista da liberação em portos e aeroportos, haverá uma instrução normativa que vai dar agilidade ao processo, o que pode ser entendido como um corredor para amostras biológicas, que têm prazo de validade e precisam de agilidade. Já os medicamentos controlados, que têm legislações internacionais e brasileiras envolvidas, terão um tratamento diferenciado. Como o controle de doping usa substâncias como anabolizantes e até cocaína, a liberação precisa ser mais vigiada. Precisamos garantir a segurança sanitária da sociedade. Porém, em pequenas quantidades, os produtos do Ladetec não podem ter o mesmo caminho dos que entram pelo país com destino a laboratórios comerciais. Assim, o trajeto também será simplificado", garantiu Coury, que acredita que o processo poderá ser feito até mesmo por e-mail enviado às autoridades do aeroporto de Viracopos (SP), único local de entrada dessas encomendas no Brasil.

A instrução normativa será criada por funcionários do Ministério do Esporte junto com representantes do Ladetec, que serão instruídos pela Anvisa, através de orientações diretas em reuniões via vídeoconferência. A partir do momento em que o documento estiver criado, o procedimento no aeroporto será iniciado.

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"Vamos estabelecer contatos para treinar os funcionários do Ladetec responsáveis pela parte burocrática de importação sobre as regulamentações e leis de entrada de substâncias no país. Oferecemos nosso esquema de videoconferência no Rio de Janeiro para facilitar a comunicação, já que estamos aqui em Brasília e o laboratório no Rio", explicou Coury.

Coordenador do Ladetec diz que reunião foi positiva

Ciente da necessidade de um maior entendimento entre Anvisa e Ladetec para a continuidade do credenciamento do laboratório pela Wada, o coordenador Francisco Radler ficou satisfeito com o resultado da reunião desta quarta.

"Posso dizer que correu tudo bem no encontro de hoje. Saí de lá com respostas muito positivas", afirmou Radler.

Esta é a terceira reunião entre Anvisa e Ladetec para discutir o tema de liberação de amostras para controle de doping no país, mas a primeira após a auditoria da Wada no Ladetec em novembro. Na ocasião, os três representantes da Agência demonstraram preocupação com a burocracia alfandegária, que possibilitava erros de dignóstico do laboratório. A instituição é testada a cada três meses e precisa ter 100% de eficiência para manter o credenciamento, registro obrigatório para a realização de competições internacionais no país, como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, eventos com sede já confirmada no Brasil.

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Antes desta quarta-feira, a Anvisa já havia apresentado uma proposta de tratamento diferenciado para as amostras destinadas ao Ladetec, com mudanças estratégicas e flexibilização de exigências para o laboratório, em maio de 2009. No mês seguinte, a sugestão foi discutida em mais um encontro, porém ainda não havia sido aprovada pelas partes.

O entendimento entre as instituições foi comemorado pelo diretor da secretaria de Alto Rendimento, Marco Aurélio Klein, em nome do Ministério do Esporte.

"O mote dessa reunião foi "o que podemos fazer melhor juntos do que separados?". Eu e Radler saímos da sala com a sensação de que ganhamos o dia. Não houve nenhuma discussão, todos queriam resolver o problema. Avançamos bastante", concluiu Klein.

De Rose confirma que entendimento entre Anvisa e Ladetec foi exigência da Wada

A notícia de que a Anvisa aprovou a criação de um "corredor" para as amostras biológicas pertencentes ao Ladetec deixou o médico Eduardo De Rose satisfeito. Membro da Agência Mundial Antidoping (Wada), ele confirmou que a ação foi uma exigência direta da instituição após a auditoria realizada no laboratório em novembro de 2009.

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"A Wada controla a qualidade dos laboratórios credenciados em todo o mundo. Por isso, verificou que era preciso cuidar desse bloqueio sistemático das amostras nos laboratórios. Os representantes disseram, inclusive, que seria um dos motivos para um possível descredenciamento do Ladetec. Eu espero que tudo seja resolvido e tenho certeza de que o Ministério do Esporte vai conseguir. Mas confesso que fico um pouco cético. Quero ver entrar na prática porque já discutimos isso há seis anos", afirmou De Rose.

Em reunião realizada em Brasília nesta quarta-feira, o gerente geral de Portos, Aeroportos e Fronteiras da Anvisa, Paulo Biancardi Coury, em conversa com o coordenador do Ladetec, Francisco Radler, e com o diretor da secretaria de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Marco Aurélio Klein, aprovou a criação de uma instrução normativa para o aceleramento do processo de entrada de amostras biológicas do laboratório no país.