Morreu, nesta quinta-feira (15), aos 83 anos, em Pelotas, no Rio Grande do Sul, Aldyr Schlee , o criador da camisa da seleção brasileira. Há dez anos, o escritor (professor de Direito Internacional e escritor) sofria de câncer de pele e há uma semana estava internado no Hospital Beneficência Portuguesa, na cidade gaúcha.
Schlee venceu um concurso do jornal carioca “Correio da Manhã” para definir as cores do uniforme da seleção em 1953. Três anos antes, o Brasil perdera a final da Copa do Mundo em casa para o Uruguai e a camisa branca foi aposentada.
Como prêmio, Schlee, que fez mais de uma centena de esboços, ganhou um estágio no jornal e o equivalente a R$ 20 mil. A estreia da camisa foi em 1954. Passados 64 anos, a camisa da seleção é a mais conhecida do esporte em todo o mundo.
A história da camisa amarela da seleção
O fatídico 16 de julho de 1950 não poupou sequer o uniforme da seleção brasileira. A partir do intitulado “Maracanazo”, a camisa branca foi riscada do mapa. Na Copa da Suíça, em 1954, a equipe nacional entrava em campo pela primeira vez de amarelo, calção azul e meias brancas. Começava a saga do maior símbolo do futebol mundial – para o orgulho de um cidadão comum do interior gaúcho.
Em 1953, o jornal carioca Correio da Manhã lançou um concurso, com o apoio da Confederação Brasileira de Desportos (atual CBF), para a escolha de um novo uniforme. A única exigência era que as tonalidades deveriam ser as mesmas da bandeira. O estudante Aldyr Garcia Schlee, à época com 19 anos, tentou inovar. Deu certo.
“Vi a Portuguesa carioca jogar de camisa vermelha, calção verde, meias brancas – exatamente as cores de Portugal. Naquele tempo, calção e meia eram sempre brancos. Não possuíam identidade alguma. Foi a inspiração que eu precisava para formar um conjunto. Pensei o conjunto do traje, sem amontoar as tonalidades, algo harmonioso”, explicou Schlee à Gazeta do Povo, em 2006.
O pai do uniforme, logo após ter seu desenho escolhido, às vésperas do Mundial na Suíça, foi ao Rio de Janeiro para uma cerimônia de lançamento nas Laranjeiras, sede do Fluminense. Lá estavam alguns dos principais jogadores para receber o novo material esportivo. Uma experiência que lhe arranca até hoje algumas risadas.
“Era criança e tive que assinar documentos colocando minha ideia como domínio público. Toda essa situação me deixou muito nervoso, encabulado. Para piorar, estava do lado de feras do futebol. Fiquei muito tenso. Os atletas chegavam com o uniforme dos seus times e eu entregava as novas peças em mãos. Chegou a vez do Zizinho, o penúltimo da fila. De cara, ele percebeu minha tensão. Bateu no meu ombro e disse, com aquele sotaque carioca: ‘Fica frio, meu irmão, isso tudo é uma merda!’ Provavelmente já sabia que não iria à Copa.”
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