O cenário natural para um time às portas da Segunda Divisão seria de cobranças ríspidas, ameaças e medo de possíveis agressões físicas. Mas a atitude da torcida coxa-branca tem sido surpreendente. Seja na viagem a São Caetano do Sul, nos jogos do Couto Pereira ou nas ruas de Curitiba, o apoio tem sido a tônica em um dos piores momentos da história do clube.

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"Quando nos encontram em qualquer lugar, os torcedores vêm logo falando ‘Vamos ganhar, confiamos em vocês’. Eles sabem que queremos a mesma coisa", conta o técnico Márcio Araújo, que não se cansa de elogiar o comportamento. "Acima de tudo estão sendo inteligentes. Não adianta nada ficar apenas pressionando", explicou.

Entre os jogadores, o meia Rodrigo Batata e o lateral-esquerdo Ricardinho, que são de Curitiba, são os maiores exemplos de como o convívio diário com a torcida pode trazer uma motivação extra.

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"Tenho parentes e amigos muito próximos que são coxas-brancas. Eles sabem do nosso esforço e que podemos sair desse momento difícil. Às vezes vem alguma cobrança do pessoal na rua, mas quase sempre o torcedor chega dizendo que estará no estádio domingo (amanhã), com a família, empurrando o time", relata Ricardinho.

A possibilidade de rebaixamento trouxe uma enxurrada de piadas infames que atormentam o torcedor alviverde. O pedido para salvar o time e acabar com o sofrimento é um dos mais recorrentes nos encontros casuais com jogadores. "Tenho uma prima que torce para o Coritiba e trabalha na loja da minha mãe. Ela sempre tira sarro e pega no pé dos outros, mas agora está mais preocupada em me pedir ajuda", conta Batata.

Alguns torcedores exigem satisfações pela péssima campanha, como aconteceu recentemente com o meia Caio em um supermercado. Porém a maioria aderiu à trégua – iniciada no jogo contra o Figueirense, há seis rodadas.

O time sabe que a única forma de manter a paz é vencer o Internacional amanhã e – dependendo dos resultados de São Caetano e Ponte Preta – sustentar o Coxa na Série A. Numa situação inusitada, a passionalidade da arquibancada pode até transformá-los de vilões em heróis por um certo momento. Por enquanto, é melhor nem imaginar a mudança no semblante e na atitude dos torcedores se a trégua for quebrada com o rebaixamento.