O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) emprestou R$ 2,5 bilhões ao Grupo Silvio Santos para o Banco Panamericano porque financeiramente a opção era a mais interessante, explicou o presidente do Conselho de Administração do Fundo, Gabriel Jorge Ferreira, em entrevista nesta quarta-feira (10). Sem o dinheiro, o banco poderia sofrer uma intervenção do Banco Central. Se isso acontecesse, o FGC seria obrigado a cobrir as dívidas do banco e, nesse caso, sem garantia de receber o dinheiro de volta.

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"Se não tivesse havido essa solução, de o empresário procurar o fundo e oferecer garantias para obter os recursos necessários para que ele pudesse capitalizar o banco, o Banco Central não teria alternativa se não decretar a liquidação ou a intervenção na instituição, com todas as consequências negativas que isso teria para o mercado", afirmou Ferreira.

"Se essa instituição financeira tivesse sido liquidada ou se estivesse sob intervenção, o Fundo estaria obrigado a comparecer com sua garantia cobrindo tanto os depositantes normais quanto os titulares de depósitos com garantia especial. Seria da ordem de R$ 2,2 bilhões, aproximadamente", completou.

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Nesse caso, seria "muito difícil" para o FGC recuperar o investimento. "A experiência do Fundo nesses 15 anos é que a recuperação das garantias que ele prestou é praticamente zero", afirma Ferreira. "O Fundo, quando ele paga um depositante que estava garantido, ele, quando muito, tem o direito de regresso contra a instituição controladora para se ressarcir, isso se houver recursos para que ele possa ir atrás", disse.

O empréstimo para o Panamericano, por outro lado, foi feito com todas as empresas do Grupo Silvio Santos como garantia e um prazo de 10 anos (com três de carência) para pagamento da dívida. "Aqui temos uma situação onde o Fundo é credor (...), com garantias de bens empresariais", afirmou Ferreira.

O presidente do Conselho explicou que o FGC foi criado em 1995 para garantir créditos para os bancos privados (que são obrigados a se associar a ele) em casos de intervenção ou liquidação. Desde 2005, no entanto, o Fundo, a pedido do Banco Central, passou também a atuar em outros tipos de operação, como "parceiro para situações emergenciais".

Gabriel Jorge Ferreira se disse confiante no desempenho do banco a partir de agora. "Nossa percepção é que, com a gestão nova, essa instituição vai deslanchar e se desenvolver", afirmou.

O patrimônio líquido do FGC é hoje de R$ 28 bilhões, o quinto maior do sistema financeiro. Todos os recursos têm origem em contribuições das suas instituições financeiras associadas.

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