Rebeca Gusmão saiu sorridente de seu interrogatório na 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira. A atleta viu o promotor Juan Luiz Souza Vazquez pedir sua absolvição no caso de falsidade ideológica a que responde desde um exame antidoping no Pan de 2007. Confiante que o juiz Flávio Itabaiana Nicolau proferirá sentença favorável, Rebeca até rejeitou o arquivamento do processo, benefício oferecido por causa de sua ficha sem antecedentes criminais. Ainda não há prazo para a decisão sobre o caso.

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Após duas horas de perguntas sobre os diversos exames antidoping a que Rebeca se submeteu no Troféu José Finkel e nos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, Vazquez alegou falta de provas contra a atleta, e fez, oralmente, em frente à nadadora e aos jornalistas que acompanharam a audiência, a proposta de absolvição.

"O Ministério Público acredita que a dúvida deve ser resolvida em favor da acusada, pois está demonstrado que o material foi deslacrado sem sua presença ou a presença de um representante seu, influenciando o mérito do processo. Vale salientar que a própria denúncia não soube descrever com propriedade o fato típico (crime) que foi atribuído à acusada, pois a mesma sequer soube narrar a forma da substituição do material", disse Vazquez.

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Rebeca Gusmão foi acusada de fornecer urina de outra pessoa na coleta feita no dia 12 de agosto de 2007, no Rio de Janeiro. No Pan, ela se submeteu a três exames - nos dias 12, 13 e 18 - e apenas o do dia 13, feito por um laboratório canadense, deu positivo (para testosterona). Segundo a acusação, o DNA da amostra coletada no dia 12 não era de Rebeca.

No interrogatório desta quarta, a nadadora lembrou que a amostra do dia 12 teve seu frasco trocado, e a mudança aconteceu sem seu conhecimento. Rebeca ainda levantou suspeitas sobre o médico uruguaio José Velloso Fernandes, que acompanhou a troca de frasco.

"O exame do dia 13, único do Pan que foi analisado pelo laboratório canadense, foi enviado para lá pelo mesmo médico que presenciou a troca de frasco relativa ao exame do dia 12. Ele (Fernandes) é amigo do doutor Eduardo de Rose, que quer me prejudicar e já deixou isso bem claro em declarações a jornais", alertou a atleta.

Após a sessão de perguntas, Rebeca teve a chance de concordar com a suspensão condicional do processo (arquivamento), um benefício concedido a pessoas sem antecedentes criminais. Se aceitasse, a nadadora precisaria se apresentar uma vez por mês a um cartório de Brasília, onde mora, durante os próximos dois anos. Rebeca também poderia deixar a cidade por até 20 dias, mas precisaria de autorização judicial caso quisesse se ausentar por período mais longo.

Mesmo alertada pelo juiz que a aceitação não significaria uma presunção de culpa, Rebeca rejeitou o arquivamento.

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"Primeiro porque sempre acreditei na minha inocência. E também porque não tenho coração mais para aguentar isso. Tenho convicção de que não fiz nada errado, então quis continuar", afirmou, após a audiência.

Mesmo com a proposta de absolvição feita pelo promotor do Ministério Público, o juiz pode decidir pela condenação de Rebeca. Caso isso aconteça, ela pode pegar de um a três anos de cadeia. Não há prazo para que a sentença seja proferida.