Atletiba de uma torcida só. Essa deve ser a primeira reação após a onda de violência e vandalismo que culminou no atropelamento do torcedor do Atlético João Henrique Mendes Xavier Vianna, no domingo, após o jogo entre Atlético e Coritiba, pelo Campeonato Brasileiro de futebol. O estudante segue internado em estado gravíssimo.
A proposta, apresentada à Polícia Militar (PM) na semana passada, durante a reunião que montou o esquema de segurança para o clássico, será rediscutida amanhã, em novo encontro com representantes das diretorias das torcidas organizadas. A conversa está pré-agendada para começar às 9 horas, no quartel da PM, no centro de Curitiba. A tendência é que a torcida única valha já para o Estadual do ano que vem.
"Vale a pena propor, experimentar. Quem sabe dá certo", afirma o Major Arildo Luís Dias, responsável pela coordenação policial no clássico do Couto Pereira, sem muita convicção sobre a validade da sugestão.
A medida deve ser bem aceita pelos clubes. Marcos Malucelli, presidente do Atlético, e Tico Fontoura, presidente do Conselho Deliberativo do Coritiba, mostraram-se favoráveis à mudança.
"Conversei com o presidente (do Coritiba, Jair) Cirino, ainda no primeiro turno, e falei para reduzir o espaço da torcida adversária. Reduzir até chegar a zero, se os problemas não forem resolvidos. Sou favorável", revelou Malucelli. "Se o Ministério Público e as pessoas encarregadas pela segurança iniciarem um movimento, terão a companhia do Atlético", prosseguiu.
Fontoura citou um exemplo do exterior para defender a ideia. "Sou inteiramente favorável. Está sendo adotado em clássicos na Argentina, especialmente entre Boca e River. É uma medida que já deveria ter sido tomada, pois falamos em dois ou três jogos por ano e diminuiria as confusões em dia de clássico", argumentou.
As torcidas organizadas também se mostraram inclinadas a aceitar a restrição. "A Torcida Organiza Os Fanáticos apoia totalmente essa iniciativa", ressalta Juliano Rodrigues, vice-presidente da uniformizada.
Luiz Fernando Corrêa, o Papagaio, presidente da Império Alviverde, em um primeiro momento concorda com a ideia. "Se quiserem fazer, estaremos juntos. Quando o problema é dentro do estádio, como no caso das bombas na Arena (0 a 0 em julho), ficaria resolvido", diz.
O presidente da principal facção ligada ao Coxa, porém, faz ressalvas sobre a relação da proposição com o fim da violência nas regiões mais afastadas da cidade.
"Não sei se vai ter o resultado prático. Quem não vai ao jogo, acaba se encontrando (com rivais) de tudo quanto é jeito. Quem só quer brigar, vai continuar brigando", afirma.
Opinião compartilhada pelo Major Arildo. Apesar de exaltar o teste, ele prefere indicar outros caminhos. A PM quer implementar até o ano que vem um cadastro com o nome, números de documentos, endereço e fotografia dos torcedores ligados às subdivisões das organizadas, conhecidas como comandos, uma forma de quebrar a lei do silêncio vigente entre os integrantes das uniformizadas. Outra medida seria o aumento do efetivo policial nos dias de clássico.
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