Depois de jogadores da seleção do Togo terem confirmado a participação , o primeiro-ministro do país, Gilbert Houngbo, disse que a equipe deveria abandonar a Copa das Nações Africanas. O capitão Emmanuel Adebayor, anunciou que os atletas voltariam para casa sem jogar.
Segundo ele, os jogadores haviam decidido participar do torneio como homenagem aos mortos no ataque sofrido na província angolana de Cabinda quando viajavam de ônibus rumo ao torneio. "Infelizmente o chefe de Estado e as autoridades do país tomaram uma decisão diferente, então vamos fazer as malas e voltar para casa", disse Adebayor.
O primeiro-ministro do Togo, Gilbert Houngbo, se declarou contra a decisão de jogadores da seleção de futebol do seu país e disse que o grupo deveria voltar para casa. "Se um time ou algumas pessoas se apresentarem sob a bandeira togolesa, vai ser uma falsa representação", disse o premiê. No ataque, o assessor de imprensa do time, o auxiliar técnico e o motorista do veículo morreram.
Mais cedo, a equipe de futebol do Togo havia decidido jogar na Copa Africana de Nações, segundo jogadores.
A equipe chegou a declarar que abandonaria o torneio, mas o meio-campista, Alaixys Romão, afirmou ao jornal francês "L'Equipe", no fim da noite de sábado (9), que o time concordou em permanecer na Copa e ficar na província angolana de Cabinda para o primeiro jogo da equipe do Grupo B contra Gana, na próxima segunda-feira (11). "A decisão foi tomada por unanimidade", disse Romão.
Ameaça de violência
O grupo separatista angolano que fez o ataque ameaçou neste domingo (10) realizar novas ações violentas contra a Copa Africana das Nações.
Em entrevista à agência de notícias France Presse, Rodrigues Mingas, responsável pelo grupo, disse que ataques são contra a realização de partidas da competição na região de Cabinda. "Isto vai continuar porque a nação está em guerra", disse. "As armas continuarão falando."
A declaração foi feita dois dias após o ataque de sexta-feira (8) do grupo separatista Forças de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) contra o ônibus em que viajava a delegação de futebol para disputar o campeonato.
Além das três mortes já foram confirmadas, o goleiro Kodjovi Obilalé, que atua pelo GSI Pontivy (FRA), sofreu uma lesão neurológica e ficará internado sob tratamento intensivo. O jogador corre o risco de ficar paraplégico.
Alerta e ataque
Segundo uma autoridade ligada ao futebol africano, a seleção do Togo foi advertida a não viajar de ônibus para a província angolana de Cabinda.
O ataque ocorreu cinco meses antes de a vizinha África do Sul sediar a Copa do Mundo, tornando-se o primeiro país do continente a organizar o evento.
Virgilio Santos, uma autoridade do COCAN, o comitê organizador da Copa Africana de Nações, disse ao jornal "A Bola" que nenhum time deveria viajar de ônibus por Angola. "Pedimos que todas as delegações nos informassem quando chegariam e fornecessem os números de passaportes de seus jogadores. Togo foi o único time que não respondeu e não informou o COCAN que estava vindo de ônibus", afirmou Santos.
"As regras são claras: nenhuma seleção deve viajar de ônibus. Eu não sei o que os levou a isso."
Copa do Mundo
O ex-técnico do Togo Otto Pfister afirmou que o ataque prejudica a Copa do Mundo na África do Sul.
"Isso é um grande golpe para a África. Obviamente isso será diretamente ligado à Copa do Mundo agora", disse Pfister à agência de notícias esportiva alemã SID.
O capitão e astro da equipe togolesa, Emmanuel Adebayor, que estava no ônibus mas escapou sem ferimentos, concordou que o ataque prejudica a imagem africana.
"Continuamos repetindo que, África, nós temos que mudar nossa imagem se quisermos ser respeitados e, infelizmente, isso não está acontecendo", disse Adebayor à BBC. "Muitos jogadores querem desistir (do torneio). Eles viram a morte e querem voltar para suas famílias."
Qualquer repercussão do ataque será observada de perto pela África do Sul, que gastou pelo menos 13 bilhões de rands (R$ 3 bilhões) em novos estádios e infraestrutura para a Copa.