Königstein Pesado, nitidamente em compasso diferente do resto do time, como uma nota fora do tom na seleção brasileira, o atacante Ronaldo tem vaga assegurada na partida contra a Austrália, domingo, em Munique. Para o técnico Carlos Alberto Parreira, o passado vitorioso do camisa 9 é motivo suficiente para dar-lhe mais oportunidades. Maior até do que a grande fase vivida por Juninho Pernambucano ou o apelo popular crescente pelo incendiário Robinho no lugar do artilheiro da Copa do Mundo de 2002.
"Pelo passado que tem, pela importância que ele representa para o Brasil, eu acho que o Ronaldo tem que continuar jogando. Foi apenas o primeiro degrau dos sete que temos pela frente e não vamos tomar uma decisão antecipada", falou o comandante brasileiro, indagado se poderia tirar o jogador do Real Madrid depois da pífia atuação na estréia. "Tenho que acreditar que ele vai jogar bem", complementou, otimista.
Ronaldo, inclusive, pode ganhar mais do que apenas outra chance de mostrar que suas condições físicas e técnicas se equivalem à dos demais companheiros. Na opinião do técnico, a aposta intensa nele se justifica por se tratar de um atleta especial. Negou protecionismo. Usou o resultado dos últimos quatro anos de trabalho para defender sua posição.
"A seleção brasileira não tem intocável, tem é jogador importante. E sendo importante ele tem uma certa condição. Em todas as seleções ocorre isso. Na Alemanha, o Ballack estava machucado. Quis jogar; jogou; e ficou o tempo todo. É um jogador que tem uma hierarquia, um certo prestígio, uma história", disse Parreira, se contradizendo e colocando o pentacampeão em nível superior ao dos outros atletas da linha de frente.
Na verdade, não de todos eles. Adriano também teve seu momento de lembrança na entrevista do treinador. Mas com sensação de humor negro. "O rendimento geral da equipe vai fazer com que os homens da frente possam render mais ainda. O Ronaldo se movimentando mais, melhor preparado para esse jogo, mais motivado... Afinal, essa dupla de ataque é, me permita a redundância, uma dupla de peso", falou, percebendo em seguida a situação constrangedora ao lembrar um tema proibido: o peso de Ronaldo. "No sentido de bom futebol, que decidem, que se fazem presente na área", emendou, não conseguindo consertar a mancada.
A opção por manter o Fenômeno também se torna uma arma contra Parreira caso a atuação volte a não ser convincente. Para não abrir mão dele, o técnico tem que abrir uma exceção em seus princípios. "Todos têm que estar bem", declarou ontem, ao falar do aspecto físico do grupo no Mundial que apelidou de Copa da Saúde, pela importância que dá à condição atlética. "Mas acho que todo bom jogador merece confiança, uma oportunidade. Se o Ronaldo fosse um jogador que estivesse começando hoje, o procedimento poderia até ser diferente. Sendo o jogador que é, com a experiência que tem, acho importante que a seleção brasileira invista nesse jogador", decretou, convicto.
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