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Benedito critica articuladores da greve

O presidente do Conselho Deliberativo do Paraná criticou os organizadores da greve dos jogadores da última segunda-feira. "A greve, embora tenha direito constitucional, tem responsabilidades para quem a faz. Uma delas é notificar o empregador, o que não aconteceu. Esse movimento teve conotação de irresponsabilidade". "Há uma liderança negativa que precisa ser identificada. Será que todos têm a efetiva consciência do mal que estão causando à instituição".

Benedito Barboza reclamou dos prejuízos que o Paraná terá e disse que todos os jogadores já conheciam as dificuldades do clube. "A crise é do conhecimento de todos. Ninguém chegou aqui sabendo em cima da hora que estávamos em um momento difícil. Não há desculpa. A questão financeira, de ter a necessidade de fazer a presença de recursos, não se faz em passe de mágica. Ninguém nunca tinha visto isso. Espero que tudo tenha um fim aqui, hoje".

"A repercussão deste fato foi desgastante para a imagem do Paraná. Tivemos um marketing negativo absolutamente desnecessário", concluiu Barboza.

Após evitarem entrevistas durante a semana, dirigentes do Paraná Clube compareceram em peso na sala de imprensa da Vila Capanema após o empate em 1 a 1 com o Sport, neste quarta-feira, pela Copa do Brasil. O vice-presidente de futebol Aramis Tissot foi o porta-voz do grupo (que se pronunciou também por intermédio do presidente do Conselho Deliberativo, Benedito Gomez Barbosa) e mostrou toda a sua indignação em relação à paralisação dos jogadores no começo da semana.

O discurso, carregado de emoção, mostrou a insatisfação da diretoria e deixou no ar até uma possibilidade de Tissot deixar o cargo. "Fomos surpreendidos com essa paralisação. Não me conformo com o que aconteceu. As coisas não poderiam chegar a esse nível que chegou. Entendemos que da nossa parte houve problemas de finanças, mas nunca vi isso no Brasil. Esses jogadores não sabem o prejuízo que trouxeram para o Paraná. Virou notícia e denegriu a nossa imagem", disse Tissot.

Que continuou. "Estou absolutamente desgostoso com que aconteceu. Na semana que vem vamos nos reunir com o grupo para saber o que esta acontecendo. Ninguém cobrou os jogadores quando eles falharam, sempre incentivamos. Eu me sinto um pouco traído por esse grupo. Estou absolutamente descontente. Não sei se é definitivo, mas me sinto tocado desse grupo. Eu sinceramente vou conversar com a diretoria e decidir sobre a minha permanência".

Como se mais uma vez fosse culpada, a imprensa também foi alvo de Tissot. Segundo ele, jornais e rádios deveriam se preocupar mais em divulgar as coisas boas, não só as ruins, que envolvem os clubes de futebol. "Tenho que fazer criticas para a imprensa. Tem setores que procuram notícias ruins sobre o Paraná. Expuseram as coisas de maneira inconveniente, inclusive afastando a nossa torcida. Eles deveriam nos ajudar e divulgar as coisas boas".

Tissot teme ter perdido sua liderança sobre o elenco. "Eu sinceramente acho que temos que avaliar isso. Vamos ter essa conversa para poder responder isso com certeza". Sobre os líderes do movimento de greve da última segunda-feira, o vice-presidente do tricolor falou que a diretoria tenta identificar quem começou a agitação. "Estamos analisando, não que venhamos a fazer alguma retaliação".

Dirigente fala das dificuldades que o clube ainda terá

Consciente das dificuldades financeiras que o Paraná enfrenta, Tissot não esconde que a coisa tende a não melhorar muito. "Vamos conviver com essa situação até o final do ano. Não descarto que tenhamos problemas. Você precisam imaginar o tanto de jogadores que estão reinvidicando salários atrasados. Quando você monta e desmonta um, dois, três grupos, você acha que acertamos com todos? Pode ter certeza de que teremos problemas. Todos os dias temos algum tipo de novidade", revelou.

E manda um recado para quem não quiser ficar no time para ajudar ou para quem ainda pensa em novos protestos. "Jogador que pensa assim, pode passar no departamento pessoal para acertar a conta". "Quem ficar terá que estar junto conosco sabendo que vai enfrentar tudo isso. Só que aqui não tem malandro. Eles vão receber atrasados, mas vão receber. Ninguém vai dar golpe".

O dirigente reclamou ainda de jogadores que teriam reclamado da ausência da diretoria após a classificação do time para a próxima fase, conquistada no fim de semana passado. "Disseram que após o jogo não veio ninguém comemorar. Só podem estar brincando. Estar em 5º lugar no Paranaense é obrigação. Deveríamos estar além disso. Não tenho nada para comemorar, em absoluto".

Por fim, Aramis Tissot criticam os que cobram sua presença no dia a dia do clube. "Não tenho que estar e não vou estar no dia a dia. O clube tem que ser profissional e não admito uma pessoa como eu, ou como o Guto, que não somos profissionais, somos amadores e não ganhamos nada por isso, tenhamos que estar aqui. Temos profissionais para essa finalidade".

Tissot voltou a pedir a ajuda da torcida, que compareceu em pequeno número (3.896 pagantes) nas arquibancadas da Vila Capanema, mesmo com uma grande promoção de ingressos/sócios. "Sabemos o que nos espera a partir de agora, mas temos coragem. Mas precisamos de ajuda da torcida".

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